Aquário com sardinhas é a mais recente novidade do Oceanário de Lisboa

Um cardume de sardinhas da costa portuguesa passa desde agora a integrar a lista de animais marinhos que podemos ver no Oceanário de Lisboa, foi hoje anunciado. Estes peixes serão os embaixadores de uma espécie ameaçada.

 

Poderá ver as sardinhas (da espécie Sardina pilchardus) num novo aquário da exposição permanente que recria as águas do Atlântico.

São peixes de corpo alongado, azul ou verde no dorso e prateado no ventre. “Esta espécie forma grandes cardumes que se alimentam de plâncton, como pequenos crustáceos, microalgas e ovos de peixes. Durante o Verão e até meados do Outono, a sardinha acumula gordura, o que lhe permite ter energia para se conseguir reproduzir nos meses seguintes”, explica o Oceanário em comunicado divulgado hoje.

É uma das principais pescarias em Portugal. Mas as populações de sardinha do Atlântico Nordeste, desde o Mar do Norte até ao Mar Mediterrâneo, estão quase ameaçadas segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Por isso, há um plano de gestão para a pesca da sardinha. Este inclui períodos de interdição e limites de captura. Esta espécie tem um tamanho mínimo legal de captura de 11 centímetros.

“A integração das sardinhas na exposição do Oceanário pretende dar a conhecer esta espécie e sensibilizar para a importância das escolhas conscientes de cada indivíduo no que respeita ao consumo de pescado, contribuindo para o equilíbrio e para a sustentabilidade da exploração dos recursos marinhos”, acrescenta o Oceanário.

Para trás ficaram vários anos de trabalho, necessários para conseguir manter a espécie em aquário. “O Oceanário de Lisboa colaborou num projeto de investigação científica que nos permitiu contribuir para melhorar as técnicas de manutenção desta espécie”, disse Núria Baylina, curadora e diretora de conservação do Oceanário de Lisboa. “Este foi um passo importante para apresentarmos agora as sardinhas aos nossos visitantes.”

A chegada deste cardume de sardinhas ao Oceanário faz parte de um conjunto de acções para levar os cidadãos a consumir pescado de forma mais sustentável. A instituição desenvolveu o cartão S.O.S – onde podemos consultar quais as espécies marinhas que se podem consumir sem preocupações, quais as que se podem escolher de forma moderada e quais se devem evitar por apresentarem problemas quanto ao seu método de captura ou criação – e a régua “Deixa-me crescer”. Esta indica o tamanho mínimo legal de captura dos peixes e mariscos mais comuns.

Uma das espécies a precisar mais da nossa ajuda é, precisamente, a sardinha. No mês passado um painel internacional de investigadores propôs a paragem total da pesca à sardinha ibérica em 2018 para que os stocks consigam recuperar.

A plataforma portuguesa PONG-Pesca pediu um plano de recuperação para uma espécie “à beira do colapso”.

 

[divider type=”thick”]Saiba como é a vida da sardinha.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a sardinha reproduz-se ao longo da costa portuguesa de Outubro a Abril, sendo o pico entre Dezembro e Fevereiro. Cada fêmea produz uma emissão de ovos em média uma vez de duas em duas semanas ao longo da desova.

Os ovos flutuam nas camadas superficiais da coluna de água, ao sabor das correntes, durante três a cinco dias.

Depois, dos ovos eclodem pequenas larvas que se vão metamorfosear ao longo de 40 dias, até atingirem três a quatro centímetros de comprimento. A transição para adulto só acontece quando a sardinha tem um ano de idade e 14 centímetros de comprimento.

Uma sardinha pode viver até aos 14 anos e atingir 27 centímetros de comprimento. Estes peixes alimentam-se de plâncton, em especial microalgas, ovos de peixe e crustáceos.

Saiba mais sobre a sardinha aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.