Descubra o planeta de Bordalo II no Museu do Mar em Cascais

A partir deste mês poderá descobrir um planeta feito com 300 quilos de lixo, recolhidos em três dias nas praias de Cascais. A nova instalação artística de Bordalo II quer inspirar-nos a proteger o oceano.

 

É um planeta Terra com cerca de quatro metros de largura e 300 quilos de peso e está em exposição nos jardins do Museu do Mar em Cascais desde 9 de Abril. Foi feito a partir de plástico e de lixo recolhido por Bordalo II e pelos pescadores do concelho de Cascais.

Com esta obra, o artista português quer-nos dizer que o planeta “é raro demais para não cuidarmos dele, para deixar que se torne lixo”, segundo uma nota de imprensa. Além disso, é um alerta para a  importância da protecção dos nossos oceanos e do nosso planeta.

 

 

“Pretendo sensibilizar para o cuidado e atenção ao nosso planeta, que não tem estado em boas mãos nas últimas décadas, porque mudar este cenário depende de cada um de nós”, comentou Bordalo II.

Esta peça – que esteve exposta na Praia de Carcavelos de 29 de Março a 2 de Abril – foi inspirada na nova série do National Geographic, “One Strange Rock”, de Darren Aronofski, em exibição aos domingos às 22h30. O planeta feito a partir de resíduos “reforça e enfatiza esta dedicatória única que o National Geographic fez ao nosso Planeta com ‘One Strange Rock”. Observamo-la como uma rocha estranha, tão estranha que parece não fazer parte desta ‘rocha’ onde nós vivemos. Assume-se como um pedaço (de lixo) que estava a mais no oceano e por isso a Natureza ‘cospe-a’ para a areia.”

A instalação artística resulta de uma ação conjunta entre a Câmara Municipal de Cascais e a National Geographic.

“A National Geographic tem como um dos seus pilares de atuação a preservação e conservação do nosso planeta. O desafio que lançámos ao Bordalo II foi o de incorporar estes valores na sua peça, de forma a nos convidar a refletir sobre as consequências dos nossos atos e do seu impacto no futuro do planeta”, explicou Luís Fernambuco, General Manager da National Geographic Partners Portugal.

 

 

Para Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, a obra de Bordalo II é uma forma criativa e provocadora de desenvolver a consciencialização ambiental dos cidadãos. “Cascais está fortemente comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e todas as formas, incluindo as manifestações artísticas, que são importantes como apelo à ação ambiental dos cidadãos na defesa do nosso planeta.”

O desperdício tem sido uma das ideias centrais do trabalho de Bordalo II, artista com obras espalhadas por 19 países. Em Portugal, podemos ver os animais de Bordalo II nas ruas de mais de 15 cidades, entre elas Bragança, Castelo Branco, Covilhã, Leiria, Lisboa, Porto e Viseu. As espécies são variadas, desde piscos-de-peito-ruivo, corujas, garças e camaleões a guarda-rios, peixes, osgas, ginetas, javalis, linces, abelhas e lobos. E polvos, grifos, coelhos e lontras.

A produção excessiva de coisas ou o consumo exagerado, que resulta na contínua produção de lixo e consequentemente, na destruição do nosso planeta são os temas centrais da sua produção artística.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça outros trabalhos de Bordalo II aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.