Esta exposição quer ajudá-lo a procurar a vida selvagem do Paul de Tornada

O texugo, a águia-pesqueira, o guarda-rios e o cágado-de-carapaça-estriada são algumas das estrelas da nova exposição de ilustração científica inaugurada a 15 de Junho sobre as espécies que pode encontrar no Paul de Tornada.

 

São cerca de 30 as obras de ilustração científica, essencialmente aguarela, que poderá ver nesta exposição, patente na Galeria de Exposições do Espaço do Turismo das Caldas da Rainha de 15 de Junho a 31 de Julho. Foram feitas por três ilustradores científicos portugueses, Cláudia Baeta, Lúcia Antunes e Marco Nunes Correia. Cada uma representa uma espécie de fauna e flora que podemos encontrar numa visita à Reserva Natural Local do Paul de Tornada, área protegida criada em 2009 com 53 hectares, a cinco quilómetros da cidade das Caldas da Rainha.

“O que as pessoas vão ver na exposição são as aguarelas originais, emolduradas, das espécies que podem encontrar no Paul”, explicou Lúcia Antunes, à Wilder. A técnica utilizada foi a “aguarela, com apenas alguns pormenores em grafite”.

Estas 30 espécies – como o texugo, a águia-pesqueira, as garças-vermelha e cinzenta ou ainda o guarda-rios – foram selecionadas das mais de 140 que ocorrem naquela área protegida.

“Selecionámos as espécies mais importantes da reserva”, explicou Teresa Lemos, do Centro Ecológico Educativo do Paul de Tornada Prof. João Evangelista e do Geota (Grupo de Estudo do Ordenamento do Território e Ambiente), uma das associações que gere o Paul.

As ilustrações agora em exposição foram feitas ao longo de 2014 e 2015 para “materiais de divulgação do paul, como placards no exterior e um folheto de visitação” para ajudar os visitantes a descobrir o mundo natural nesta reserva, acrescentou a responsável.

A ilustração científica foi a opção escolhida. “Podíamos ter escolhido a fotografia mas vimos na ilustração científica a opção mais eficaz para conseguirmos identificar uma espécie, por permitir uma tão grande aproximação à realidade”, justificou.

De entre as espécies retratadas na exposição, Teresa Lemos destaca algumas. “Temos a garça-vermelha e a garça-cinzenta, que são ícones importantes da nossa fauna; o caimão, uma ave que parece uma grande galinha azul e que se reproduz aqui no paul; o cágado-de-carapaça-estriada, a águia-pesqueira, a águia-sapeira e o guarda-rios, uma ave lindíssima.”

A Reserva Natural Local do Paul de Tornada – um dos sítios Ramsar, lista internacional que distingue as zonas húmidas do planeta com maior relevância – tem 25 hectares permanentemente alagados e um sistema de valas de drenagem que conflui no rio Tornada. Além das espécies que vivem todo o ano no paul, há outras que o procuram durante as migrações para se alimentar e descansar, como o pisco-de-peito-azul, uma espécie retratada a aguarela.

O paul é ainda um importante local para as duas espécies de cágados selvagens do país, funcionando como um refúgio crucial.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. Saiba o que procurar no Paul e a melhor altura para o fazer.

Se seguirmos a sugestão do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a melhor altura para visitar o Paul de Tornada é no final do Verão. Esta “é a altura em que os níveis de água atingem o seu mínimo, facilitando a observação de algumas aves limícolas à procura de alimento nas lamas expostas”.

Estas são 10 espécies imperdíveis (atenção que algumas delas são migradoras e apenas estão no paul em determinadas épocas do ano):

  • Lontra (Lutra lutra)
  • Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis)
  • Texugo (Meles meles)
  • Licranço (Anguis fragilis)
  • Rela (Hyla arborea)
  • Cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix)
  • Garça-vermelha (Ardea purpurea)
  • Caimão (Porphyrio porphyrio)
  • Franga-d’água-grande (Porzana porzana)
  • Pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica)

Conheça os resultados do último censo às populações de cágados no paul.

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Exposição de Ilustração Científica e Pintura “Paul de Tornada, um refúgio para a vida selvagem”

Local: Galeria de Exposições do Espaço do Turismo das Caldas da Rainha

Duração: De 15 de Junho a 31 de Julho (10h00-13h00; 14h00-18h00). Entrada livre.

Inauguração: 15 de Junho às 18h00

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.