pequenas flores laranja num prado
Foto: Joana Bourgard
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Estamos todos desafiados a desenhar as ervas espontâneas da cidade

São conhecidas como ‘ervas daninhas’, quase sempre desprezadas e pisadas nos passeios das cidades e atacadas por herbicidas. Uma iniciativa lançada pela Quercus e pelos Urban Sketchers Portugal quer pôr os portugueses a desenhar estas ervas espontâneas mal-amadas.

 

Dentes-de-leão, urtigas, parietárias e bolsas-de-pastor. Estas são algumas das muitas plantas que povoam as bermas dos passeios, vítimas do uso constante de herbicidas como o glifosato.

O novo desafio “Desenhar as ervas espontâneas da cidade”, uma parceria entre a Quercus e o movimento dos  Urban Sketchers Portugal (USkP), quer os portugueses a encararem essas plantas de um modo diferente. Como? Desenhando-as e enviando o resultado para os USkP.

A iniciativa está aberta a todos os interessados, em qualquer localidade portuguesa, e realiza-se até ao final de Maio. As imagens seleccionadas vão fazer parte de uma nova exposição itinerante.

 

 

De acordo com a Quercus, a necessidade de alterar as mentalidades da população foi levantada num encontro recente sobre alternativas aos herbicidas, no âmbito da campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas.

“De facto, muitas ervas espontâneas têm valor estético, encontrando-se um pouco por todo o lado, como caleiras de árvores, bermas ou jardins e em várias cidades da Europa já são assumidas como parte do espaço público”, sublinha a associação.

Henrique Vogado, da direcção dos USkP, movimento que promove o desenho em cadernos e diários gráficos, disse à Wilder que o desafio vai ajudar os ‘urban sketchers’ a repararem com outros olhos nestas ervas.

“Da nossa experiência, esta iniciativa será mesmo um abrir de olhos para algo que nos tem passado sempre ao lado dos nossos cadernos. Jardins, árvores ou canteiros são muitas vezes captados nos diários-gráficos, mas as ervas espontâneas passam muito despercebidas ao nosso olhar”, admitiu.

Quem desenha é atraído normalmente “pela arquitectura dos edifícios, pelas pessoas que circulam pelas ruas, pelo movimento em geral e as ervas acabam por se confundir com o ruído visual urbano”.

O convite para a nova parceria nasceu da Quercus, com quem os ‘urban sketchers’ tinham já colaborado num workshop sobre as hortas urbanas do vale da Amoreira, na Moita.

 

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Saiba mais.

Os participantes podem enviar os desenhos para [email protected], indicando a freguesia e/ou concelho onde foram feitos. Informe-se melhor aqui.

 

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Recorde a expedição botânica que a Wilder fez por Lisboa há um ano, em busca das flores silvestres da nossa flora nos relvados urbanos.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.