Feira ObservaNatura está de volta neste fim-de-semana

A nona edição da ObservaNatura acontece já neste fim-de-semana na Herdade da Mourisca, no Estuário do Sado. A Feira de Birdwatching traz as novidades do Turismo de Natureza e um programa de actividades para observar e registar a biodiversidade.

 

O Estuário do Sado é um local especial para milhões de aves, desde flamingos e águias-pesqueiras a maçaricos-reais, colhereiros e garças. Oferece refúgio para as aves do Norte da Europa que cá passam o Inverno e funciona como “área de abastecimento” para aquelas que vão de viagem para África.

Este fim-de-semana, a aproveitar uma das épocas do ano mais importantes nas migrações de milhões de aves (de Agosto a Outubro), o estuário recebe a 9ª edição da ObservaNatura, feira nacional de observação de aves e de turismo de natureza. Organizada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), reúne cerca de 30 entidades que vão ajudar quem estiver interessado a aprender a conhecer a biodiversidade em Portugal. Entre os expositores contam-se organizações não-governamentais de Ambiente e empresas de ecoturismo, desporto e aventura e empresas de material óptico. No ano passado, a feira registou 3.000 visitantes.

Na Herdade da Mourisca, perto de Setúbal e em plena Reserva Natural do Estuário do Sado, haverá workshops, minicursos, uma feira dedicada ao turismo de natureza, ateliers, sessões de anilhagem, passeios por terra e no rio e actividades de observação e registo de espécies.

“Ao longo das várias edições da ObservaNatura temos mantido o objectivo de promover o turismo de natureza, principalmente a observação de aves”, explicou esta manhã à Wilder João Carlos Farinha, do ICNF.

Ainda assim, nos últimos anos, a feira tem vindo a abranger outras formas de observar a natureza. “Tornou-se mais generalista. Por exemplo, tem vindo a ganhar terreno a promoção das áreas protegidas, através da marca Natural.pt“, que promove uma rede de destinos de turismo de natureza que valorize as áreas protegidas do continente, acrescentou.

Hoje são várias as empresas na área do turismo de natureza, desde as que vendem percursos pedestres e observação de cetáceos até às que experimentam novas ideias em Portugal, como a observação de mamíferos e observatórios móveis.

Este é o caso da Biotrails que vai lançar o seu primeiro observatório móvel na Feira, no sábado às 11h30. Este observatório, homologado para circulação rodoviária e com dimensões de 5m x 2m, pode ser transportado para diferentes locais, consoante as oportunidades de observação da natureza nas várias épocas do ano.

Segundo João Carlos Farinha, a ObservaNatura possibilita aos cidadãos “observarem a natureza com especialistas”, quer seja em percursos pedestres, passeios de barco ou até mesmo em sessões de anilhagem.

“No turismo de natureza existem dois grupos de pessoas. Há aquelas que passeiam pelo passeio em si e há as que querem obter conhecimento e é aqui que podemos melhorar a sua experiência”, acrescentou o responsável.

João Carlos Farinha salientou o papel das entidades promotoras do turismo de natureza para ajudar as pessoas a ver a riqueza natural do país e, ao mesmo tempo, para as ensinar a como se devem comportar na natureza. “Numa saída de campo, as pessoas têm de sentir que fazem parte daquele espaço” e para isso é preciso criar programas com grande qualidade e imaginação. No seu entender, o sector seria beneficiado se houvesse uma maior aposta na formação de guias da natureza.

Do programa da ObservaNatura, o responsável destaca o workshop de iniciação à fotografia de aves com o fotojornalista francês Pierre Guibert (no domingo, das 14h30 às 15h15), o passeio pedestre para observação de libelinhas com Albano Soares, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal (no domingo, das 10h30 às 12h30) e os três passeios de barco para registo da biodiversidade do Estuário do Sado com a Biodiversity4all.

Patrícia Tiago, responsável pela plataforma nacional de registo de espécies Biodiversity4all – que tem 7.236 espécies registadas para Portugal -, explicou hoje à Wilder que serão três os passeios de barco pelo estuário, com saída do Moinho de Maré da Mourisca. “O de sábado já está esgotado mas ainda há vagas para os dois de domingo”, um às 11h30 e o outro às 14h30. A actividade demora cerca de hora e meia e o desafio é “tentar identificar todas as espécies que se virem durante o passeio, assim como um pequeno bioblitz”.

E depois do passeio de barco pela zona de sapal, todos os registos serão inseridos na plataforma nacional de espécies.

Até ao momento, a zona da Herdade da Mourisca, onde se realiza a Feira, tem registadas 190 espécies, a maioria de aves, desde 2010. “Mas ainda há muitas por registar, principalmente de outros grupos de espécies. E mesmo para as aves o trabalho não está feito. É muito importante fazer registos contínuos para tentar saber se este ano há mais ou menos aves no estuário, se as migradoras chegaram mais cedo ou mais tarde, por exemplo”, explicou Patrícia Tiago. Este tipo de dados importa ainda mais num cenário de alterações climáticas, acrescentou. “O facto de as espécies estarem registadas não significa que este trabalho perdeu o interesse.”

Quem for à ObservaNatura pode entregar a lista de espécies que conseguiu encontrar durante os seus passeios à equipa do Biodiversity4all.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais:

Pode consultar aqui o programa completo da ObservaNatura.

 

Horário de funcionamento da feira:
15 de setembro (6ª feira): 12h00 às 19h00
16 de setembro (sábado): 10h00 às 19h00
17 de setembro (domingo): 10h00 às 18h00

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.