flores amarelas num fundo preto
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Para este fim-de-semana: bioblitzs vão descobrir as espécies do sapal e da floresta

O Moinho de Maré de Corroios, no Seixal, e a Mata Nacional da Machada, no Barreiro, são dois locais da Península de Setúbal onde cientistas e o público em geral vão partir à descoberta do mundo natural, em dois bioblitzs já este fim-de-semana.

 

Na agenda estão acções de ciência cidadã que permitem a qualquer interessado participar numa acção-relâmpago de identificação e registo de espécies, com a ajuda de cientistas.

No sábado, 25 de Novembro, o bioblitz no Moinho de Maré de Corroios começa pelas 9h00 com uma saída de campo em busca de espécies de flora e vegetação, num local onde os arbustos estão em primeiro plano.

Vão observar-se plantas como a salgadeira (Atriplex halimus), a barrilha (Suaeda vera) e ainda a Halimione portulacoides, adaptadas ao ambiente de sapal, onde “a vegetação está sujeita ao efeito das marés”, explicou à Wilder Inês Teixeira do Rosário, da BioDiversity4All, associação que coordena as duas iniciativas.

 

folhas da salgadeira, que é um arbusto um
Folhas da salgadeira. Foto: Krzysztof Ziarnek, Kenraiz/Wiki Commons

 

Seguem-se os insectos e as aves, estas últimas ao início da tarde, sendo de esperar “aves limícolas que durante a maré vazia vêm ao sapal para se alimentarem na vaza”, em especial durante os meses de Outono e Inverno.

Exemplos? Corvos-marinhos-de-faces-brancas, garças-reais, flamingos, pernilongos, alfaiates, borrelhos-grandes-de-coleira-interrompida, mas também o perna-vermelha-comum, a rola-do-mar e o guincho-comum.

 

flamingos no meio de um curso de água
Flamingos. Foto: Andrea Schaffer/Wiki Commons

 

Este bioblitz vai ainda contar com uma saída para observação de invertebrados na zona entre-marés, já a meio da tarde, “um grupo diferente daquilo a que as pessoas estão mais habituadas.” E quem aguardar até às 17h00 pode ficar desde logo a saber quantas espécies foram registadas ao longo do dia, ou quais foram aquelas que mais curiosidade despertaram entre o público e os cientistas.

 

Gaios e toutinegras na Mata da Machada

Já no domingo, as aves vão ser o primeiro alvo do bioblitz que se realiza na Mata Nacional da Machada.

“Este local é a maior área verde do concelho do Barreiro e é muito usado pela população para várias actividades. É uma área mais florestal, com várias espécies desde sobreiros, pinheiros e também muitas acácias que agora estão a ser removidas com a ajuda de um projecto LIFE (Biodiscoveries)”, explica Inês Teixeira do Rosário.

Por ali abundam espécies como os melros, os piscos-de-peito-ruivo, os gaios e as toutinegras-de-cabeça-preta, entre outras.

 

gaio com uma semente no bico
Gaio. Foto: Jerzystrzelecki / Wiki Commons

 

Ao longo do dia, vão seguir-se passeios guiados em busca de insectos e de espécies de flora e vegetação, como os sobreiros (Quercus suber), pinheiros-mansos (Pinus pinea), o sanganho-mouro (Cistus salvifolius) e uma espécie de tojo, o Ulex australis.

A bióloga chama também a atenção para uma saída em busca dos invertebrados do solo, que acontece ao início da tarde: espécies que “serão mais desconhecidas” pois calcula-se que seja “a primeira vez que se investiga este grupo na mata”.

Tal como no Seixal, o dia termina pelas 17h00 com a apresentação dos resultados.

Nos dois casos, essas informações ser ainda divulgadas no site do BioDiversity4All e também no Facebook, “para quem quiser ver e utilizar.” Podem vir a ser úteis, por exemplo, em estudos científicos ou na definição de estratégias locais para a conservação da natureza.

Estes bioblitzs são os primeiros de um projecto que pretende realizar acções de ciência cidadã como estas nos municípios da Península de Setúbal, com o apoio das diversas câmaras municipais e também da Simarsul, empresa que explora o sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais na região.

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Conheça aqui o programa dos dois bioblitzs e faça também a sua inscrição nas acções, se desejar participar.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Releia este artigo da Wilder sobre os resultados do bioblitz que se realizou no final de Maio no Parque da Paz, em Almada.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.