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Nove espécies para conhecer nos charcos temporários

O projecto LIFE Charcos, dedicado à conservação e valorização dos charcos temporários mediterrânicos da Costa Sudoeste, realizou um extenso levantamento dos muitos seres vivos que ali se podem encontrar.

 

Com a ajuda de Cristina Madeira Baião, membro da equipa, a Wilder sugere-lhe nove espécies de anfíbios, crustáceos e plantas que ocorrem nestes habitats e que poderá observar numa das várias visitas guiadas que se realizam regularmente no âmbito deste projecto, que pode ficar a conhecer melhor aqui.

 

Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl) 

Foto: Bruno H. Martins
Foto: Bruno H. Martins

Entre Março e Abril, podem-se observar-se as larvas desta salamandra na água, reconhecíveis porque têm uma cabeça achatada. Quando são adultos, o corpo mede de 25 a 31 cm e é castanho ou acinzentado.  Quando se sente em perigo, de cada lado do tronco faz sobressair as pontas das costelas.

 

Sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus)

Foto: Liga para a Protecção da Natureza
Foto: Liga para a Protecção da Natureza

Este pequeno sapo mede menos de 5 cm de comprimento. Os machos, ligeiramente mais pequenos que as fêmeas, pesam entre três e seis gramas, mas fazem-se ouvir com o seu coaxar forte. São animais de hábitos nocturnos, que se conseguem observar durante a época reprodutora, de Outubro/Novembro a Abril/Maio.

 

Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes)

Foto: Bruno H. Martins
Foto: Bruno H. Martins

Durante a época de reprodução, o coaxar dos machos faz lembrar o cacarejar das galinhas. Este sapo tem uma aparência robusta e mede entre 5 e 8 cm, com olhos que se assemelham aos dos gatos (pupila vertical). O que o distingue de outros anfíbios é uma espécie de “unha negra” na base metatarsal das patas traseiras, com as quais escava mais facilmente o solo para se enterrar nele.

 

Tritão-marmorado-pigmeu (Triturus pygmaeus )

Foto: Bruno H. Martins
Foto: Bruno H. Martins

A época de reprodução deste anfíbio pode variar bastante, dependendo das condições do clima, mas na Costa Sudoeste costuma ocorrer após as primeiras chuvas de Outono. Os habitats desta espécie são muito diversos, mas para se reproduzir prefere charcos temporários ou outros pequenos locais com água, como charcas para o gado ou poços profundos.

 

Triops vicentinus

Foto: Elisabete Rodrigues
Foto: Elisabete Rodrigues

Esta é uma espécie endémica do extremo sudoeste de Portugal, com distribuição restrita desde o Concelho de Vila do Bispo até Faro. Estes crustáceos pertencem à prdem dos Notostraca e são tamb+em conhecidos por camarões-girino. São apelidados de fósseis vivos, pois existem há mais de 200 milhões de anos. Vivem no fundo dos charcos temporários, junto dos sedimentos, mas podem ser encontrados a nadar em toda a coluna de água.

 

Branchipus cortesi

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Branchipus macho. Foto: Liliana Barosa

Estes pequenos crustáceos de água doce podem atingir 2,2 cm e pertencem à ordem Anostraca, sendo conhecidos em inglês por ‘camarões-fada’. Os crustáceos desta ordem não têm qualquer carapaça. Nadam de boca para cima ao longo da massa de água, pois actuam como “filtradores” de vários alimentos que encontram, como fitoplancton, protozoários, detritos orgânicos ou até particulas de argila. São tidos como um bom indicador ecológico, uma vez que só se adapta a meios aquáticos com condições muito concretas.

 

Cyzicus grubei

Foto: Elisabete Rodrigues
Foto: Elisabete Rodrigues

Estes curiosos crustáceos pertencem à ordem Spinicaudata, que apareceu há cerca de 400 milhões de anos, sendo também conhecidos pelo nome de ‘camarão-concha’. Estão distribuidos em quase todo o planeta com excepção da Antárctida. Esta ordem costuma ocorrer em charcos temporários.

 

Eryngium corniculatum

Foto: Liga para a Protecção da Natureza
Foto: Liga para a Protecção da Natureza

Na costa alentejana, esta planta é conhecida como cardo-das-lagoas ou bicos-azuis. A floração dá-se entre Maio e Setembro. Tem uma característica curiosa: na fase em que os charcos têm água, as folhas apresentam-se carnudas e ocas; quando os terrenos começam a secar, tornam-se rígidas e espinhosas.

 

Hyacinthoides vicentina 

Foto: Liga para a Protecção da Natureza
Foto: Liga para a Protecção da Natureza

Espécie endémica de Portugal e considerada vulnerável, floresce entre Fevereiro e Maio.

 

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Para ter informação sobre novas visitas aos charcos temporários, organizadas pelo projecto LIFE Charcos, pode acompanhar o site ou então na página do Facebook.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.