Abutre seguido por GPS estava ontem nas margens do rio Douro

Há mais de um mês que Rupis, um abutre-do-Egipto com três anos de idade, está a ser seguido por GPS, no âmbito de um projecto ibérico de conservação. A sua localização mais recente, de 23 de Agosto, era nas margens do rio Douro, em Espanha.

 

Rupis, da espécie Neophron percnopterus (também conhecido como britango), foi marcado a 15 de Julho com um emissor GPS/GSM/UHF e libertado no Parque Natural de los Arribes del Duero. Com a ajuda deste equipamento, os conservacionistas do projecto LIFE Rupis – Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro (2015-2019) vão conhecer os movimentos migratórios desta ave durante dois anos.

Até agora, este abutre passou a maior parte do tempo em Espanha, não muito longe da fronteira portuguesa. Nos dias 25 de Julho e 16 de Agosto entrou em Portugal, a Sul de Miranda do Douro.

Ao longo de mais de um mês, a equipa do projecto tem estado a monitorizar as deslocações de Rupis. Primeiro movimentou-se para Norte, depois para Sul, alargando a área a explorar.

“Os movimentos detalhados de Rupis são muito úteis para identificar quais as áreas adequadas para exploração e alimentação para esta espécie na região”, escreve, em comunicado, a Vulture Conservation Foundation, um dos parceiros do projecto, a decorrer nas áreas protegidas do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda e dos Arribes del Duero.

Este projecto pretende reforçar as populações de britango e de águia-perdigueira (Aquila fasciata) no Douro transfronteiriço através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor.

Nas próximas semanas, Rupis ainda deverá continuar em Espanha e Portugal. Depois migrará para Sul para passar o Inverno em África.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.