Baleia-jubarte morta, em Julho de 2016, na Baía Delaware. Foto: MERR Institute

Agência norte-americana abre investigação a morte de baleias em massa no Atlântico

A agência norte-americana NOAA lançou ontem uma investigação de grande fôlego para apurar as causas da morte em massa de baleias-de-bossa ao largo da costa Este, entre o estado do Maine e a Florida.

 

Desde o início de 2016 foram encontradas 41 baleias-de-bossa (Megaptera novaeangliae) mortas no oceano atlântico, ao longo da costa dos Estados Unidos. Este é um número considerado extraordinário, já que a média para a região (de 2000 a 2015) é de 14 mortes por ano.

Ontem, em conferência de imprensa, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) declarou estas mortes como um fenómeno atípico, o que, de acordo com a legislação do país para a protecção dos mamíferos marinhos, implica a abertura de uma investigação e exige uma resposta imediata.

Por enquanto, os biólogos marinhos ainda não têm uma ideia clara sobre as causas. Deborah Fauquier, médica veterinária na NOAA, citada pela CNN, salientou que o último fenómeno atípico declarado para baleias-de-bossa é de 2006. Só este ano, até 24 de Abril, já morreram 15 baleias. Esta especialista considera que o número de arrojamentos de baleias é “alarmante”, avançou o jornal New York Times.

Das 41 baleias mortas, 20 já foram examinadas, disse Mendy Garron, coordenadora dos arrojamentos na NOAA. Dessas baleias, 10 morreram como consequência da colisão com navios. Estas baleias “têm sinais de ferimentos graves e cortes”, disse Deborah Fauquier.

Agora, os peritos da NOAA vão recolher dados, fazer análises e monitorização ambiental e das condições de habitat, incluindo as ameaças causadas por humanos.

As baleias-de-bossa vivem em todos os oceanos do planeta e estima-se que existam cerca de 60.000 animais. Segundo o New York Times, haverá 14 núcleos populacionais distintos – grupos com um certo padrão de migração e reprodução – e alguns estão classificados como ameaçados. A população da costa atlântica dos Estados Unidos passa o Inverno nas Caraíbas e o Verão no Atlântico Norte ou nas regiões do Árctico.

Em Portugal, a baleia-de-bossa ocorre como visitante, mais concretamente nos Açores, durante a Primavera e início do Verão, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, citando dados da Universidade dos Açores. Estes animais estarão em migração para latitudes mais altas. Para os Açores está classificada com estatuto de Vulnerável.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.