lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

Andaluzia quer aumentar populações de lobo-ibérico

O lobo-ibérico está quase extinto na Andaluzia e, por isso, o conselheiro para o Ambiente da Junta andaluza pediu na semana passada um esforço a todos para não deixar este predador desaparecer. Este ano arranca a contagem de quantos animais ainda restam nesta província espanhola e uma campanha de comunicação.

 

Não se sabe bem quantos lobos-ibéricos (Canis lupus signatus) ainda sobrevivem na Andaluzia. As últimas informações apontam para dois núcleos na Serra Morena com um total de cinco a sete alcateias.

Na passada sexta-feira, o Gabinete de História Natural em Madrid recebeu um debate sobre o futuro desta espécie, um dos últimos grandes predadores da Península Ibérica. José Fiscal, conselheiro para o Ambiente da Junta de Andaluzia, pediu que “todos trabalhem juntos para evitar que a espécie se extinga”, segundo um comunicado daquele organismo.

Uma das primeiras coisas a fazer será um censo aos lobos em território andaluz. Um total de 250.000 euros, com origem nos fundos Feader, será investido em acções de seguimento e monitorização das populações existentes com equipas de técnicos e cães treinados.

O censo é uma das peças do II Programa de Recuperação do Lobo Ibérico na Andaluzia, lançado no ano passado e sem prazo para terminar. Os objectivos são conhecer o tamanho e distribuição da população existente, a sua situação genética (já que o isolamento afecta a variabilidade e isso debilita a espécie) e consolidar as zonas de distribuição, favorecendo a recolonização de áreas históricas na Serra Morena.

Em Setembro deste ano arranca um programa Life de Governança e Comunicação Ambiental, coordenado pela Junta da Andaluzia, que prevê campanhas de comunicação, divulgação e sensibilização para envolver todos na recuperação do lobo. “Contamos com o apoio unânime do sector cinegético, algo de importância vital, uma vez que nos territórios onde vivem lobos na Andaluzia já praticamente não se faz criação de gado. O envolvimento dos caçadores é essencial para o sucesso da recuperação da espécie”, explicou José Fiscal.

Além disso, recentemente foi proposta a classificação do lobo-ibérico como espécie Em Perigo de Extinção e em Fevereiro foi convocado o Comité Assessor Científico-Técnico da espécie na Junta da Andaluzia. Actualmente, o lobo-ibérico tem apenas um regime de protecção especial.

Em Portugal, também não há certezas quanto ao número de lobos que aqui vivem. Desde 1990 que o lobo-ibérico está classificado como Em Perigo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Nessa altura, a espécie ocuparia apenas 20% da sua área de distribuição original no país, mais concretamente no Norte e Centro. Uma década depois, entre 2002 e 2003, foi realizado um censo nacional onde foram identificadas 63 alcateias (51 confirmadas e 12 prováveis). A população de lobo-ibérico em Portugal foi estimada entre 220 e 430 animais.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.