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Área Metropolitana do Porto prepara-se para receber 15.000 árvores nativas

O sexto ano do FUTURO – projecto das 100.000 árvores da Área Metropolitana do Porto está prestes a arrancar. Conheça o que vai ser feito em 2016/2017 para continuar a criar corredores de floresta nativa na região, como a meta de plantar 15.000 carvalhos, sobreiros, medronheiros, castanheiros e outras espécies nativas.

 

Nos cinco anos que leva o projecto foram plantadas 81.369 árvores e arbustos em 190 hectares de 15 municípios, como Arouca, Gondomar, Valongo, Trofa e Porto.

Para o ano de 2016/2017, o projecto definiu como meta a plantação de mais 15.000 árvores e arbustos.

Segundo o FUTURO, plantar árvores ajuda a melhorar a qualidade do ar, a reduzir a temperatura da cidade em picos de calor, a sequestrar carbono, a regular a água e a promover a biodiversidade.

“Serão plantadas novas áreas, como por exemplo seis hectares em Oliveira de Azeméis. Mas também há casos de expansão de áreas já geridas pelo projecto”, explicou à Wilder Marta Pinto, coordenadora da iniciativa. Uma destas áreas, adiantou, será em Santa Maria da Feira. “Já tínhamos trabalhado em meio hectare. Agora vamos chegar a mais um hectare”.

Além da plantação de novas árvores e arbustos será dada especial atenção aos 190 hectares já plantados. “Iremos a todas as áreas, ver que árvores estão mortas e que precisam ser substituídas e limpar algumas espécies exóticas invasoras que tenham regressado”, exemplificou.

Para fazer este trabalho, o projecto conta este ano com a ajuda da Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. Esta empresa vai ajudar a fazer a manutenção de 20 hectares. “Gostaríamos que este modelo fosse seguido por outras entidades, ajudando a financiar trabalhos que não podem ser feitos por voluntários”, como o controlo de exóticas, disse Marta Pinto.

Actualmente, o a bolsa de voluntariado do projecto tem cerca de 600 pessoas inscritas. Mas plantar e cuidar da floresta nativa do Porto envolve mais cidadãos. A começar pelas escolas. “Começámos no ano passado uma rede de escolas para ajudarem nas sementeiras. No total tivemos 14 pequenos viveiros em escolas de Arouca, Espinho, Gondomar, Matosinhos, Porto”, entre outras, acrescentou. As escolas produziram 2.844 plantas, mais especificamente medronheiros, carvalhos-alvarinho e carvalhos-negral.

Este ano a ideia é para continuar, mas as espécies serão diferentes. A meta é que cada escola produza 250 plantas, germinadas dentro de pacotes de leite. “Vamos fornecer sementes de duas espécies arbustivas e uma de árvore, substrato, um manual e formação aos professores”.

A criação de corredores de floresta nativa conta sobretudo com as árvores criadas no viveiro do projecto. Neste novo ano, a meta é produzir 40.000 plantas. Algumas destas serão oferecidas aos moradores da Área Metropolitana do Porto, com uma nova edição da campanha “Se tem um jardim, temos uma árvore para si”. “No ano passado foram aprovadas mais de 300 candidaturas e foram instalados 1.500 árvores e arbustos. Este ano queremos chegar às 2.000”, adiantou.

Grande parte da estratégia do FUTURO passa por plantar 41 espécies autóctones de Portugal. As cinco espécies mais plantadas até agora são o carvalho-alvarinho ou carvalho-roble (22.374 árvores), o sobreiro (11.727), o medronheiro (10.747), o castanheiro (4.773) e o bordo-de-Montpellier ou zêlha (2.663). Em média, estão plantadas 449 árvores por hectare.

A equipa do projecto, composta por três pessoas, trabalha com municípios, associações e cidadãos voluntários para identificar e preparar terrenos, organizar acções de plantação e de manutenção, para monitorizar os resultados e para espalhar a palavra sobre a importância das espécies nativas e da floresta em geral.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Para ajudar a fazer nascer esta floresta nativa pode inscrever-se na bolsa de voluntariado do projecto. Os trabalhos de plantação de árvores e de manutenção das florestas começam já no final de Outubro.

 

[divider type=”thick”]Série Wilder Cuidadores de Florestas

Inspire-se nesta série que criámos para si, para lhe mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.