Aves estão a mudar hábitos de migração por causa da acção do Homem

No Dia Mundial das Aves Migradoras, celebrado ontem, a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) revelou dados que mostram que as aves estão a alterar os seus hábitos de migração por causa da acção humana.

 

Todos os anos, milhões de aves percorrem grandes distâncias desde as zonas onde se reproduzem até às suas áreas de invernada, à procura de melhores condições para se alimentarem.

Mas, segundo este estudo do programa Migra, as aves têm vindo a alterar estes hábitos nas últimas décadas por causa da destruição dos habitats, caça ilegal ou alterações climáticas. “As aves vão-se adaptando à medida que surgem alterações, tanto naturais como causadas pelo Homem”, comenta a SEO/Birdlife em comunicado.

Através do programa Migra, a decorrer desde 2011, a SEO/Birdlife e a Fundación Iberdrola Espanha seguem mais de 780 aves de 32 espécies, como a cegonha-branca (Ciconia ciconia) e a águia-calçada (Aquila pennata), graças a dispositivos de geolocalização e seguimento remoto.

Algumas aves, como a cegonha-branca, deixaram de fazer migrações. Isto porque a disponibilidade de novas fontes de alimento criadas pelo ser humano – como os campos de arroz e as lixeiras – permite-lhes suportar o Inverno na Península Ibérica sem precisar de viajar até à África subsaariana.

Também as águias-calçadas estão a mudar os seus hábitos de migração e algumas já não migram para África para passar o Inverno.
“Estamos a constatar alterações nas migrações, ainda que nos falte desvendar as causas dessas alterações”, disse Ana Bermejo, coordenadora do programa Migra.

Este ano, o tema do Dia Mundial das Aves Migradoras foi “O seu futuro é o nosso futuro: um planeta saudável para as aves migratórias e para as pessoas”, para lembrar que as aves são “excelentes bioindicadores da saúde do planeta”.

Esta é uma campanha mundial destinada a celebrar as aves migratórias e apelar a uma maior protecção. Para isso, apresentou sete embaixadores da importância destas aves e das ameaças que enfrentam: andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), falcão-dos-pés-vermelhos-oriental (Falco amurensis), marreco (Anas querquedula), escrevedeira-aureolada (Emberiza aureola), seixoeira (Calidris canutus) e o pilrito-colhereiro (Calidris pygmaea).

 

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.