Barreira de árvores nativas protegeu esta Quinta de Figueiró dos Vinhos

O incêndio que deflagrou a 17 de Junho em Pedrógão Grande chegou durante a noite a esta Quinta em Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria). A proprietária diz que ardeu tudo em redor, menos as casas, protegidas por uma barreira de carvalhos e outras árvores de espécies nativas.

 

Quase uma semana depois do incêndio, os terrenos da Quinta da Fonte estão negros. Do solo queimado erguem-se os troncos destruídos dos eucaliptos.

 

 

Tudo começou durante a noite de sábado passado. “Seriam cerca das três da manhã quando o fogo chegou”, contou à Wilder Liedewij Schieving, holandesa proprietária deste agro-turismo há já 10 anos.

Liedewij estava dentro de casa com cinco hóspedes e um voluntário mas conseguiram sair em segurança.

Depois da passagem do fogo, as fotografias que Liedewij partilhou no Facebook têm chamado a atenção.

 

 

“Tudo o que era eucalipto ardeu mas os sabugueiros, carvalhos, figueiras e outras árvores nativas sobreviveram”, acrescentou.

 

 

Na sua opinião, estas árvores formaram uma barreira que protegeu a Quinta.

 

 

Agora, diz-nos, é tempo de recuperar o que ardeu. Uma das muitas tarefas será a plantação de mais árvores. “Quero plantar, claro, mas não sei bem que árvores devo plantar e quais os melhores locais para o fazer. Não tenho esse conhecimento e preciso de ajuda.”

O incêndio de Pedrógão Grande fez, pelo menos, 64 mortos, mais de 250 feridos e destruiu cerca de 30.000 hectares de floresta.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.