Bem-estar na natureza aumenta quando sentimos que esta está a ser bem gerida

Momentos na natureza, como os passeios numa floresta, aumentam o nosso bem-estar. A sensação é maior quando mais sentimos que essa natureza está a ser bem gerida, revela agora um estudo da Universidade Estatal do Oregon.

 

Esta investigação de uma equipa de cientistas norte-americanos, publicada recentemente na revista Journal of Environmental Psichology, demonstra que há uma variedade de mecanismos de envolvimento das pessoas com a natureza que contribuem para o bem-estar geral. O mais importante de todos, segundo o estudo, é o facto de as pessoas acreditarem que a natureza onde se encontram está a ser bem gerida.

“Se as pessoas sentirem que as coisas são justas e que elas têm uma voz no processo de tomada de decisões e se a gestão é transparente, essas são as fundações para as pessoas quererem interagir com a natureza”, comentou Kelly Biedenweg, do Colégio de Ciências Agrícolas daquela universidade, e principal autora do estudo.

Para chegar a esta conclusão, Biedenweg analisou os resultados de mais de 4.400 respostas a um inquérito online feito na região de Puget Sound, no estado norte-americano de Washington.

A sua equipa usou 13 métricas diferentes para ilustrar a relação entre a satisfação geral com a vida e o envolvimento com o mundo natural. Entre as métricas analisadas estavam as actividades comunitárias, o acesso à natureza, o stress causado pelo tempo passado dentro de portas e a confiança nos decisores políticos.

“Onze destas 13 métricas tiveram uma correlação positiva com a satisfação geral com a vida”, disse Biedenweg, cientista que estuda os benefícios que os humanos tiram da natureza e o impacto das suas acções no mundo natural. “As ligações entre condições ecológicas, como a água potável e a qualidade do ar, e o bem-estar mais objectivo já têm sido estudadas, mas o mesmo não acontece com a ligação entre os vários aspectos do envolvimento com a natureza e um bem-estar mais subjectivo”, acrescentou.

Os investigadores quantificaram a relação entre bem-estar e seis mecanismos comuns através dos quais a natureza afecta o bem-estar: eventos sociais e culturais, confiança na gestão, acesso a recursos selvagens locais, sensação de pertença, diversão ao ar livre e benefícios psicológicos de passar tempo ao ar livre.

“O facto de a confiança na gestão dos espaços naturais ser um factor importante para a satisfação foi uma das grandes conclusões desta investigação”, disse a cientista. “A maneira como fazemos a gestão é a porta de entrada para as pessoas serem capazes de retirar satisfação da natureza.”

Esta investigação foi apoiada pela National Science Foundation e pela Agência de Protecção Ambiental (EPA) norte-americana.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.