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Foto: BioDiversity4All

Bioblitz encontrou 138 espécies no maior parque de Almada

O bioblitz do Parque da Paz, o maior espaço verde na cidade de Almada, juntou quase 200 pessoas à procura de animais e plantas. Tudo com a ajuda de 12 cientistas.  A Wilder falou com a organização e conta-lhe como correu.

 

Famílias, jovens, grupos de amigos, pessoas mais velhas e muitas crianças. No total, 197 pessoas participaram no bioblitz organizado no último sábado de Maio, numa parceria entre a BioDiversity4All (Associação Biodiversidade para Todos) e a Câmara Municipal de Almada.

Os bioblitzs são acções de ciência cidadã que procuram identificar em pouco tempo o maior número possível de espécies num local, com a ajuda do público e de biólogos. Neste, encontraram-se 138 espécies dentro do parque, das quais 108 ficaram registadas pela primeira vez na plataforma da BioDiversity4All.

 

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Foto: BioDiversity4All

 

No Parque da Paz, o grupo que partiu à procura das borboletas, libélulas e outros insectos, a meio da manhã, foi o que teve mais interessados. Tantos, 42, que foi preciso dividi-los em duas equipas que foram ‘à caça’ dos insectos em simultâneo, com a ajuda de dois especialistas.

Resultado? 18 espécies identificadas e registadas. “As borboletas diurnas foram todas novas. Por exemplo, a almirante-vermelho (Vanessa atalanta)”, adianta Inês Teixeira do Rosário, uma das organizadoras do bioblitz.

 

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Borboleta almirante-vermelho (Vanessa atalanta). Foto: Kristian Peters / Wiki Commons

 

Mas também por ali andavam traças, como a Tyta luctuosa, gafanhotos (Aiolopus strepens) e percevejos-das-riscas (Graphosoma lineatum), por exemplo.

 

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Percevejo-das-riscas (Graphosoma italicum). Foto: Thomas Bresson/Wiki Commons

 

Quem foi em busca das aves, logo pela manhã, identificou muitas. Num total de 35 espécies, destacou-se a presença da águia-calçada, que pela primeira vez ficou registada para o parque de Almada.

Outras espécies encontradas e registadas pela primeira vez? O coelho (Oryctolagus cuniculus), o medronheiro (Arbutus unedo), uma orquídea erva-língua (Serapias língua), a osga Taurentola mauritanica, todos os líquenes ali observados, como o Flavoparmelia soredians, entre muitas outras, enumera Inês Teixeira do Rosário.

 

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Orquídea erva-língua (Serapia lingua). Foto: Luís Nunes Alberto / Wiki Commons

 

Mas as descobertas não se fizeram só de novas espécies. Para quem ali esteve, e que “tinha curiosidade de ver o parque que usa com uma outra perspectiva”, houve mais pontos altos. “Por exemplo, encontrar uma pele de cobra, ou perceber que uma pequena mancha numa árvore é afinal um líquene”, exemplifica a bióloga.

Por saber está ainda se o bioblitz do Parque da Paz se vai repetir, talvez no próximo ano. “Planos não há, mas há vontade”, admite a responsável do BioDiversity4All. “Correu tudo muito bem e acho que todos ficaram satisfeitos, a câmara, os especialistas, os participantes”.

 

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Saiba mais.

Veja aqui um pequeno vídeo sobre o bioblitz do Parque da Paz.

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.