Fotografia: Joana Bourgard

Cientistas já sabem quantos anos levam os bosques a recuperar de uma seca

As árvores precisam, em média, de dois a quatro anos para recuperar as suas taxas de crescimento depois de secas severas, concluíram investigadores num artigo publicado na revista Science.

 

Os bosques têm um papel fundamental no impacto das alterações climáticas na biosfera. As árvores retêm grande parte das emissões de dióxido de carbono originadas pelas actividades humanas, através da fotossíntese. Parte desse carbono é depois transformado e armazenado em forma de madeira.

Actualmente não se conhece qual a taxa de recuperação perante uma seca na grande maioria das espécies de árvores e tipos de bosque. Por isso, os cientistas recorreram a uma base de dados mundial do crescimento radial das árvores, o International Tree Ring Data Bank. Os anéis das árvores permitem reconstruir o seu crescimento e ter uma ideia da forma como os bosques convertem o carbono em madeira ao longo do tempo.

A equipa de investigadores de várias universidades norte-americanas e de um instituto espanhol analisou dados históricos de crescimento e formação da madeira em mais de 1300 árvores, a maioria situada na Europa e América do Norte. Assim, conseguiram determinar o tempo que as árvores levaram para recuperar o seu crescimento depois de várias secas desde meados do século XX.

O estudo mostra que na maioria dos bosques do mundo, as árvores levaram vários anos a recuperar depois de uma seca. Este legado pode causar uma diminuição de 3% na capacidade de fixação de carbono pelas florestas ao longo do século XXI, afectando especialmente os pinhais nas zonas semiáridas.

“Este estudo sugere que os nossos bosques são capazes de armazenar menos carbono do que o que se tinha calculado com os modelos de clima e vegetação”, disse Jesús Julio Camarero, investigador do Instituto Pirenaico de Ecologia e um dos autores do estudo. “Isto implica que as alterações climáticas podem ser mais rápidas do que aquilo que se pensava.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.