Cinco países assinam acordo para salvar urso polar

As cinco nações onde vivem ursos polares – Canadá, Dinamarca (Gronelândia), Noruega, Rússia e Estados Unidos – chegaram a acordo sobre um plano a 10 anos para proteger estes animais e os seus habitats. Ao mesmo tempo, um novo estudo científico diz que a espécie pode adaptar-se ao degelo.

 

O acordo – assinado a 2 de Setembro em Ilulissat, na Gronelândia – define as sete maiores ameaças à espécie na próxima década: alterações climáticas, doenças, mortalidade causada por humanos, exploração de recursos minerais e energéticos, contaminantes e poluição, tráfego marítimo comercial e turismo. Segundo a WWF há menos de 25.000 ursos polares na natureza.

Os ursos polares percorrem longas distâncias, atravessando fronteiras, à procura de alimento.

De acordo com a WWF, este é o primeiro plano de acção circumpolar para a espécie e representa um passo em frente em relação ao acordo original, assinado em 1973, que apelou à cooperação internacional para proteger estes ursos. Novos factores foram levados em conta, especialmente as alterações climáticas.

“Agora, os Estados devem alocar dinheiro para alcançar estas metas internacionais”, lembra Alexander Shestakov, director do Programa Global Árctico da WWF, em comunicado.

“Apesar de este plano ajudar a reduzir as ameaças directas aos ursos polares, o futuro destes animais depende da persistência do gelo no mar Árctico”, acrescenta.

Ainda assim, dois dias depois da assinatura deste acordo foi publicado um artigo científico na revista PLOS ONE, segundo o qual, os ursos polares podem sobreviver ao degelo, com ou sem focas. À medida que as alterações climáticas aceleram o degelo no Árctico, os ursos polares podem encontrar em terra o alimento que não encontram no gelo marítimo, substituindo as focas por caribus e gansos-das-neves.

A investigação, coordenada por Linda Gormezano e Robert Rockwell do Museu norte americano de História Natural, baseou-se em novas estimativas sobre as fontes de alimento terrestres disponíveis para a espécie. Assim, as estadias cada vez maiores dos ursos em terra firme podem não ser tão dramáticas como se pensava.

“Análises aos vestígios de ursos polares e observações no terreno mostraram-nos que ursos subadultos, famílias e até alguns machos adultos já estão a alimentar-se de plantas e de outros animais durante o período sem gelo”, disse Rockwell.

Estimativas anteriores apontavam para a morte de ursos polares à fome, em massa, em 2068, quando estes ficariam separados dos seus territórios gelados de caça durante 180 dias consecutivos, por causa do degelo. Mas essas estimativas assumiam que os ursos não encontrariam alimentos em terra.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.