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Coligação defende duas soluções para tornar a caça em Portugal mais sustentável

No mês em que o Governo revelou como vai ser a caça entre 2018 e 2021, a coligação C6, que reúne seis associações ambientalistas, apresenta duas soluções para tornar esta actividade mais sustentável.

 

A actual Lei da Caça permite “uma série de práticas nocivas para as espécies e ecossistemas” e não incentiva a gestão sustentável dos recursos cinegéticos, critica hoje, em comunicado, a Coligação C6. Esta plataforma reúne as associações ANP/WWF, Geota, Fapas, Liga para a Protecção da Natureza, Quercus e Spea.

Mas há formas de tornar a caça mais sustentável e foi isso que seguiu no parecer que esta Coligação enviou ao Gabinete do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, a propósito da proposta de portaria de calendário venatório 2018-2021.

Em primeiro lugar, a Coligação defende a abolição do uso de munições com chumbo na atividade cinegética em todos os habitats e não apenas nas zonas húmidas dentro de áreas classificadas. “Portugal é um dos países europeus onde ainda é possível caçar com estas munições, que contaminam a água, os solos, a fauna e as pessoas”, salienta a Coligação.

Fora das zonas húmidas protegidas, “continua a ser legal caçar com munições que contêm este metal tóxico, resultando na contaminação da água, dos solos e do alimento (no caso das espécies necrófagas), numa prática que não é aceitável duma sociedade informada e responsável”.

A segunda proposta da C6 para tornar a caça mais sustentável é a suspensão temporária da caça à rola-brava (Streptopelia turtur). “Esta é uma espécie cujas populações diminuíram 79% desde 1980 e que enfrenta um sério risco de extinção em vários países da Europa.”

A suspensão temporária da caça a esta ave “deverá ser acompanhada por uma monitorização que permita avaliar o seu efeito nas populações da espécie e pela implementação do Plano de Gestão da Comissão Europeia para a espécie”.

A Coligação considera ainda que “a gestão da caça tem implicações para a proteção das espécies ameaçadas e dos seus habitats” e admite que “as espécies cinegéticas são um recurso natural que, gerido de uma forma responsável, traz benefícios económicos e sociais”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.