Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

Como é a vida de uma cria de lince-ibérico

A cria de Jacarandá, confirmada a 5 de Maio, tem cerca de 45 dias de idade. Aqui fica o que andará este pequeno lince-ibérico a fazer no Vale do Guadiana.

 

Os linces-ibéricos nascem na Primavera. Entre Março e Abril, as mães dão à luz uma média de duas crias.

Quando nascem, os linces-ibéricos pesam 180 gramas. Mais coisa, menos coisa. Cabem na palma da mão. Têm os olhos fechados, as unhas ainda não são retratáveis e a sua pelagem impermeável vai desaparecer passada uma semana.

Segundo informações do projecto Life Lince sobre a espécie (Lynx pardinus), as crias não saem do abrigo onde nasceram, dormem muito e alimentam-se de leite materno. Aos 12 dias de idade, começam a aparecer os dentes caninos e minúsculos pincéis na ponta das orelhas.

Com cerca de um mês de idade, as mães transportam as crias para outros abrigos, entre troncos caídos e matos densos. Estas escondem-se quando a mãe sai para caçar, já emitem vocalizações e levantam as orelhas.

 

 

A cria da Jacarandá tem 45 dias, segundo o comunicado do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Já terá um quilo de peso e começa a aprender o que é um coelho-bravo e para que serve. Por esta altura, já tem todos os dentes de leite.

 

Jacarandá e a sua cria. Foto: ICNF

 

O pequeno lince andará a experimentar dar os primeiros passeios, para explorar a natureza e despertar os sentidos, comportamento normal para acontecer entre Maio e Junho. Mas não vai muito longe, apesar de já conseguir correr.

Lá para finais de Junho, terá mais de dois quilos e já acompanhará a mãe na caça. Em Setembro, espera-se que já consiga caçar sozinho. Terá, então, quatro quilos e as características barbas começam a desenhar-se, bem como as manchas no pelo que os distinguem, como as nossas impressões digitais.

 

 

A partir de Outubro, o jovem lince pode começar a abandonar o território materno e a procurar o seu lugar. Mas até lá, ainda há muito para aprender.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.