Conservacionistas apanhados de surpresa por cinco crias de lince-ibérico

Os técnicos do projecto Iberlince nem queriam acreditar nas imagens que estavam a ver. As fotografias captadas por controlo remoto na Serra de Andújar, na Andaluzia, mostravam uma ninhada de cinco crias, quando o mais habitual são duas.

 

“Por vezes, o seguimento por foto-armadilhagem dos linces no campo traz-nos surpresas e incógnitas por resolver”, escrevem hoje em comunicado os técnicos do Life Iberlince, um projecto cuja missão é promover novos núcleos reprodutores de lince-ibérico e devolver a espécie à Península Ibérica.

Esta história acontece num dos novos territórios da Serra de Andújar (Jaén), na Andaluzia. Aqui foram libertados vários linces, no âmbito do projecto, que foram sendo seguidos por foto-armadilhagem. Um dos objectivos era saber se a fêmea Gargantilla teria conseguido reproduzir-se pela segunda vez.

No ciclo de vida do lince-ibérico, as crias nascem a partir de Março. E no final da Primavera do ano passado, chegaram às mãos dos peritos as primeiras fotografias de três crias. A partir de então, reforçou-se a tarefa de seguir os animais com várias câmaras, até para se conseguir identificar as crias. Isto faz-se observando as manchas da pelagem, sempre diferentes de indivíduo para indivíduo.

 

Foto: Projecto Iberlince
Foto: Projecto Iberlince

 

“Com o material fotográfico que nos ia chegando ao longo do Verão, começou um quebra-cabeças. Primeiro, apenas conseguíamos ver o dorso de quatro crias nervosas e que nunca estavam paradas. E finalmente, para nossa surpresa, cinco crias!”, contam os responsáveis.

Depois de observar as diferentes pelagens, os técnicos conseguiram identificar cinco crias: Malabar (macho), Maganel (macho), Morquiguelo (macho), Morito (sexo indeterminado) e Moheña (fêmea).

Os responsáveis acreditam que estas são crias de Gargantilla, uma vez que não foi detectada nenhuma outra fêmea juvenil ou adulta naquele território. Além disso, existem imagens de Gargantilla acompanhada por quatro crias.

Por enquanto, permanece a dúvida sobre a origem da quinta cria. “Será uma adopção?”, perguntam.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Leia aqui o pequeno guia que preparámos para si sobre o que vai acontecer este ano na conservação do lince-ibérico.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.