Corredores ecológicos são cruciais para a biodiversidade tropical

À medida que as florestas tropicais se tornam cada vez mais fragmentadas por estradas, explorações agrícolas, pastagens para gado e urbanizações, os corredores ecológicos formados por árvores são cruciais para polinizadores e para a diversidade da flora, confirma um novo estudo científico.

 

Um estudo feito na Estação Biológica de Las Cruces, na Costa Rica (a 300 quilómetros da capital, São José), mostra que quando as florestas estão ligadas por corredores contínuos de árvores, a polinização tem uma maior probabilidade de sucesso. Pelo contrário, quando zonas de floresta estão isoladas umas das outras, os polinizadores são menos abundantes e, frequentemente, as plantas não se conseguem reproduzir.

Mais de 94% das plantas tropicais com flor e 75% das principais culturas agrícolas do mundo precisam da polinização por animais, como abelhas, morcegos ou colibris.

Agora, estes investigadores descobriram que os corredores florestais permitem aos colibris viajar distâncias maiores, aumentando a troca de pólen entre zonas de floresta.

Estes são alguns dos resultados publicados nesta terça-feira na revista Proceedings of the Royal Society B pelos cientistas da Universidade Estatal de Oregon, nos Estados Unidos, e da Universidade Georg-August, na Alemanha.

“Este trabalho dá aos gestores das florestas tropicais uma solução simples e barata de reforçar a biodiversidade e a polinização de plantas nativas da floresta: ligar zonas florestais por sebes e corredores de árvores”, disse Urs Kormann, o principal autor do estudo e investigador na Universidade de Oregon. “Isto pode completar os parques nacionais.”

Os investigadores realizaram experiências no terreno e basearam-se na observação, por exemplo, dos colibris que visitaram os comedouros e as plantas nas zonas florestais. Monitorizaram ainda o fluxo de pólen de uma zona para outra.

“Simples corredores florestais podem aumentar a conectividade da paisagem para os polinizadores e plantas polinizadas por animais”, escreveram os investigadores no artigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.