Cria de girafa é a residente mais recente do Zoo de Lisboa

Uma cria fêmea de girafa-de-angola (Giraffa camelopardalis angolensis) é o novo membro do Jardim Zoológico de Lisboa. Com quase 1,90 metros de altura, esta girafa pertence a uma espécie considerada Vulnerável.

 

Depois de 15 meses de gestação, a cria nasceu a 16 de Novembro de 2017, um processo que foi acompanhado no local por tratadores para que decorresse sem incidentes.

Nos primeiros dias, a cria manteve-se só com a progenitora mas depois “foi contactando com o restante grupo, o que permitiu uma mútua adaptação”, conta o Zoo de Lisboa em comunicado divulgado ontem.

Agora, a pequena girafa-de-angola “pode ser observada junto aos restantes elementos da sua espécie, a explorar, com curiosidade, os recantos da sua instalação”.

 

 

 

As populações selvagens de girafa-de-angola estão em declínio, sobretudo devido à caça e à perda do habitat, onde já se fazem sentir consequências das alterações climáticas. Esta situação levou a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em 2016, a classificar a espécie como Vulnerável.

Na verdade, nos últimos 30 anos a população da espécie Giraffa camelopardalis registou um declínio de cerca de 40%. Segundo as mais recentes estimativas, existiam em 2015 um total de 97.562 girafas em África (68.293 adultos).

 

 

Existe apenas uma única espécie de girafa em África, a Giraffa camelopardalis. Depois são reconhecidas nove subespécies, entre as quais a girafa-de-angola, segundo a UICN.

“Algumas populações de girafas estão estáveis ou a aumentar, mas outras estão em declínio e cada população está sujeita a ameaças específicas”, explica a UICN. “As populações de girafas estão espalhadas e fragmentadas, com diferentes tendências populacionais e ameaças mas a tendência geral para a espécie revela um declínio para toda a África.”

 

Conheça melhor a girafa

Esta é uma espécie das savanas e zonas áridas arborizadas da África Subsaariana. Segundo o Zoo de Lisboa, “a girafa é o animal mais alto do mundo, podendo atingir 5,5 metros de altura”. Tem um pescoço longo, que lhe possibilita procurar alimento em ramagens muito altas, e língua comprida e azulada, cujo revestimento de queratina a protege dos espinhos das acácias. Possui dois cornos curtos, cobertos de pele e pelo, que crescem lentamente ao longo da vida.

Alimenta-se de folhagem com uma qualidade nutricional elevada, situada a uma altura de dois a cinco metros, “a fim de evitar a competição com outros herbívoros que procuram a vegetação mais baixa”. Devido à grande percentagem de água existente no seu alimento preferido (as folhas das acácias), as girafas conseguem manter-se sem beber água durante longos períodos de tempo. As girafas dormem durante curtos intervalos de apenas alguns minutos de cada vez, até uma média de 30 minutos a duas horas máximo por dia. Fazem-no deitadas com a cabeça apoiada na garupa, mas descansam também de pé, com a cabeça erguida.

Formam grupos muito diversos e mutáveis, que podem ser constituídos, por um macho e várias fêmeas com juvenis, só fêmeas com crias ou até grupos só de machos jovens. Apesar de serem animais pacíficos e não territoriais, os machos estabelecem uma hierarquia no grupo através de lutas demoradas em que se aproximam, lado a lado, e lançam o pescoço de forma a atingir o corpo um do outro, até que o lugar de cada um no grupo esteja bem definido.

As girafas podem acasalar em qualquer época do ano. “Por norma, nasce apenas uma cria, que é amamentada até pelo menos aos oito meses de idade mas que se mantém dependente da progenitora até perto dos dois anos ou mesmo até atingir a maturação sexual, entre os quatro e os seis anos.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais aqui sobre o trabalho de conservação feito pelo Zoo de Lisboa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.