um peixe de mãos vermelhas no fundo do mar
Peixe-de-mãos-vermelhas (Thymichthys politus). Foto: Rick Stuart-Smith

Descoberta nova população de peixe que caminha no leito do mar

Uma equipa de mergulhadores ligados ao Instituto para os Estudos Marinhos e Antárticos (IMAS), na Austrália, em conjunto com o projecto de ciência cidadã Reef Life Survey, descobriu uma nova população de um peixe que caminha no leito marinho e que é dos mais raros do mundo.

 

Conhecido como peixe-de-mãos-vermelhas (‘red handfish’, em inglês), o Thymichthys politus ocorre apenas no Sudeste da Tasmânia. Até à última semana era conhecida só uma pequena população desta espécie, de 20 a 40 indivíduos, na Baía de Frederick Henry.

Segundo o IMAS, ligado à Universidade da Tasmânia, só quando estiver definido um plano de conservação é que se vai saber onde está a nova população de peixes-de-mãos-vermelhas. Estima-se que soma igualmente entre 20 e 40 peixes.

“Encontrar esta segunda população foi um enorme alívio, pois acaba por duplicar a quantidade que nós pensávamos que restava no planeta”, comentou Rick Stuart-Smith, ligado à Universidade da Tasmânia e ao Reef Life Survey, um projecto de ciência cidadã dedicado à vida marinha.

 

um peixe de mãos vermelhas no leito do mar

 

Apesar de ser vermelho, este peixe é difícil de encontrar, escondido entre as algas. As fêmeas colocam os ovos na base de algas verdes Caulerpa, na Primavera, e ficam de guarda até ao nascimento.

 

Alerta lançado por cidadão

Foi o alerta de um cidadão anónimo, para a observação de um peixe-de-mãos-vermelhas, que levou à descoberta desta segunda população. Uma equipa de sete mergulhadores passou dois dias a fazer buscas na área.

“Encontrar uma nova população que é claramente distinta da que já conhecíamos é muito excitante”, disse Antonia Cooper, do IMAS, a mergulhadora que encontrou o primeiro peixe-de-mãos-vermelhas, quando estavam quase a desistir.

“Significa que há potencialmente um maior fundo genético e também que há potencialmente outras populações por aí que ainda temos de encontrar”, sublinhou.

Os cientistas realçaram ainda que é muito importante o facto deste segundo grupo de peixes viver num local com condições diferentes do primeiro. Isto significa que a espécie “não está tão criticamente dependente de um determinado conjunto de condições locais”, explicou Stuart-Smith.

Hoje uma das espécies mais raras do mundo, este peixe foi encontrado pela primeira vez em Port Arthur, Tasmânia, nos anos 1800. Nessa altura, estava distribuído ao longo da costa sudeste da região australiana.

O aquecimento global, a exploração pesqueira, a degradação do habitat localizado nos recifes e ainda a concorrência de espécies invasoras são as principais ameaças à espécie, identificadas pelos cientistas.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Observe este vídeo que mostra peixes-de-mãos-vermelhas a caminharem no fundo do mar.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.