Descobertos em Pombal fósseis de dinossáurios e tartarugas com 150 milhões de anos

Uma escavação em Monte Agudo, em Pombal (distrito de Leiria), no final de Março, trouxe à luz do dia fósseis que se acredita pertencerem a dinossáurios saurópodes e a tartarugas que ali viveram há 150 milhões de anos, foi hoje revelado.

 

Estes fósseis foram encontrados entre 21 e 25 de Março, durante a primeira parte de uma campanha de escavação de paleontólogos portugueses e espanhóis, para avaliar o potencial paleontológico daquela jazida em Monte Agudo.

Elisabete Malafaia, paleontóloga do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), em Lisboa, explica em comunicado que “foram encontrados elementos fossilizados de tartarugas e diversas vértebras ainda por identificar mas que poderão pertencer a dinossáurios saurópodes” que viveram há cerca de 150 milhões de anos.

 

 

Estes fósseis foram primeiro encontrados pelo dono de um terreno durante trabalhos de construção, que depois avisou os cientistas. Agora, estes concluem que os achados são muito importantes. Segundo o comunicado do Museu, “estes dinossáurios de grande tamanho são conhecidos em distintos locais da Bacia Lusitânica mas, até ao momento, são ainda relativamente escassos nos níveis do Jurássico Superior da região de Pombal”.

Para Elisabete Malafaia, “esta descoberta vem confirmar o elevado potencial paleontológico e interesse científico da região de Pombal para o conhecimento dos ecossistemas com dinossáurios em Portugal do final do Jurássico”.

 

 

A jazida de Monte Agudo situa-se muito perto de duas localidades com fósseis do final do Jurássico (150 – 145 milhões de anos) já bem conhecidos: as jazidas da Junqueira e de Andrés. Naquela primeira foram descobertos, em Junho de 2015, fósseis de um dos maiores dinossáurios saurópodes até então encontrados na Península Ibérica. O animal teria 12 metros de altura e 25 metros de comprimento.

Agora, os fósseis de Monte Agudo vão ser “preparados e restaurados de forma a poderem integrar as colecções do Museu”, avança a investigadora.

Mas ainda há mais para descobrir naquela jazida. A nova campanha de escavação já está planeada e deverá acontecer nos próximos meses. No terreno estarão, novamente, paleontólogos do MUHNAC e do Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa, e do Grupo de Biologia Evolutiva da UNED (Universidade Nacional de Educação à Distância) de Madrid, com o apoio das autoridades locais.

 

[divider type=”thick”]Conheça os resultados de outra escavação, desta vez em Lisboa

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.