Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ/arquivo

Doñana vai ter um espaço dedicado à observação de linces-ibéricos

Deverá abrir nos primeiros meses de 2018 um novo espaço no Centro El Acebuche, em Doñana, para observação de linces-ibéricos (Lynx pardinus), revelou ontem o conselheiro na Andaluzia para o Ambiente.

 

José Fiscal visitou ontem as obras em curso no Espacio Natural de Doñana. Trata-se de um antigo recinto, que já não estava a ser utilizado, para a observação de ungulados. Agora está a ser adaptado para albergar dois linces-ibéricos, explica um comunicado da Junta da Andaluzia.

Os linces, provenientes do programa de reprodução em cativeiro, já estão seleccionados pela Consejería de Ambiente, por proposta do programa Life Iberlince na Andaluzia. É o macho Eucalipto e a fêmea Aura. “Ambos estão no Centro de Reprodução de El Acebuche e partilham há vários meses a o mesmo espaço para garantir a sua compatibilização”, acrescenta a nota.

Os objectivos deste espaço passam por “melhorar e aumentar a oferta da Junta em Doñana quanto à educação ambiental” e “contribuir para o bom funcionamento dos centros de reprodução em cativeiro, ao oferecer uma saída digna aos animais que já não são considerados aptos para a reprodução e que estão a ocupar espaço necessário a outros exemplares reprodutores”.

José Fiscal espera que este novo espaço possibilite às pessoas observar com alguma garantia estes felinos “magníficos, conhecer os esforços já realizados para a recuperação da espécie e o papel que os linces observados tiveram”.

De momento, o recinto e as instalações principais já estão preparadas, sendo de esperar que a abertura  aconteça no primeiro trimestre de 2018.

A conservação do lince-ibérico conta com uma rede de cinco centros de reprodução em cativeiro: Silves, El Acebuche, La Olivilla, Granadilla e Zoobotânico de Jerez. Mas nem todos os animais que nascem no âmbito do programa estão aptos à reprodução.

Estes animais podem, então, ficar associados a um programa de consciencialização que ajuda a divulgar as acções de conservação e a situação e problemática da espécie.

Isto começou a ser feito há 15 anos no Zoobotânico de Jerez (Cádiz). Em Dezembro de 2014 foi a vez do Zoo de Lisboa, que recebeu Azahar – fêmea que hoje tem 14 anos e que foi o primeiro lince a inaugurar o centro nacional de reprodução do lince-ibérico, em Silves, em 2009 – e Gamma, macho com sete anos, que também veio de Silves. Em Junho de 2015, a Junta da Andaluzia cedeu o macho Javo e a fêmea Judia ao parque Selwo Aventura de Estepona (Málaga), vindos do centro de reprodução em cativeiro de La Olivilla (Jaén).

Em Julho do ano passado, o Zoo Aquarium de Madrid recebeu Jazmín e Kalama, uma fêmea e um macho com cinco e quatro anos de idade, respectivamente. Ambos vieram do centro de reprodução em cativeiro de Zarza de Granadilla (Cáceres).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.