Foto: Helena Geraldes/Wilder

Douro Internacional e Vale do Tua são as áreas protegidas mais afectadas pelo fogo

De 1 de Janeiro a 31 de Julho já arderam 128.195 hectares de floresta em Portugal, um valor cinco vezes superior à média da última década para o mesmo período, revela o mais recente relatório sobre incêndios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O Douro Internacional e o Vale do Tua são as áreas protegidas mais afectadas.

 

A base de dados nacional de incêndios florestais registou um total de 8.539 fogos (a maioria com menos de um hectare de área ardida, os chamados fogachos). Estes queimaram 76.422 hectares de floresta e 51.773 hectares de matos.

As áreas protegidas do país também foram afectadas. Até 31 de Julho terão ardido 6.790 hectares de espaços florestais na Rede Nacional de Áreas Protegidas, destacando-se o Parque Natural do Douro Internacional, com 2.792 hectares, correspondendo a 3,2% da área total do parque.

O relatório destaca também o Parque Natural Regional do Vale do Tua, com 1.784 hectares de área ardida (7,2% da área total do parque).

Mas a área protegida mais afectada em relação à sua extensão (60%) foi o Monumento Natural das Portas de Ródão.

O ICNF salienta ainda os incêndios que afectaram o perímetro florestal de Pampilhosa da Serra e os terrenos baldios do Parque Nacional da Peneda-Gerês (820 hectares e 814 hectares, respectivamente). O perímetro florestal da Serra do Reboredo (em Torre de Moncorvo) regista cerca de 80% de área ardida.

 

Área ardida no país aumentou 485% em relação à média da última década

Em relação ao que aconteceu na última década, este ano houve, em média, mais incêndios (6%) e a área ardida aumentou 485%. “O ano de 2017 apresenta, até ao dia 31 de Julho, o quinto valor mais elevado em número de ocorrências e o valor mais elevado de área ardida, desde 2007”, segundo o balanço divulgado a 2 de Agosto.

O Porto (1.846), Braga (990) e Viseu (882) são os três distritos com maior número de ocorrências.

Quanto à área ardida, o distrito mais afectado é Leiria, com 20.348 hectares, ou seja, 16% da área total ardida desde o início do ano. Foi neste distrito que se registou o grande incêndio que começou em Pedrógão Grande e que consumiu 20.072 hectares. Coimbra é o segundo distrito desta lista, com 18.045 hectares, seguido pelo de Portalegre, com 17.437 hectares.

Foi durante o mês de Julho que ardeu mais de metade da área queimada em 2017, mais especificamente 68.632 hectares. Um valor superior à média de 2007 a 2016 para esse mês, de 11.215 hectares.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.