É assim que as baleias-azuis se alimentam

Biólogos da Universidade Estatal de Oregon, nos Estados Unidos, conseguiram obter imagens que mostram como é que as baleias-azuis, os maiores animais do planeta, escolhem e capturam o seu alimento. Os vídeos foram divulgados em Abril.

 

As baleias-azuis (Balaenoptera musculus) são tão grandes que têm de equilibrar cuidadosamente a energia que obtêm através do alimento e a energia que gastam a alimentar-se. Foi isso mesmo que pequenos drones conseguiram captar no oceano, ao largo da Nova Zelândia.

“Nas imagens que captámos podemos ver a baleia a fazer escolhas”, diz Leigh Torres, investigadora do Instituto de Mamíferos Marinhos daquela universidade, em comunicado. Na sua opinião, isso “é verdadeiramente extraordinário porque observações aéreas de baleias-azuis a alimentarem-se de krill são raras”. A peça crucial foi o uso de drones. “É muito difícil conseguirmos boas imagens a partir de um barco”, explicou. E “os aviões ou helicópteros podem ser métodos invasivos por causa do barulho que causam. O drone permite-nos novos ângulos sem incomodar as baleias”.

 

Leigh Torres e Todd Chandler a lançar o drone. Foto: David Baker

 

O vídeo foi feito ao largo da Nova Zelândia. Mostra uma baleia a dirigir-se para uma grande massa de krill, mais ou menos do tamanho da baleia. Depois, o animal vira-se de lado, orienta-se em direcção ao início da massa de krill, avança e devora quase todo alimento.

 

Baleia a alimentar-se. Foto: Todd Chandler

 

Num outro momento, a mesma baleia aproxima-se de uma massa de krill mais pequena mas passa por ela sem se alimentar.

“Falávamos, em teoria, deste tipo de escolhas pelas baleias-azuis e este vídeo torna claro que elas têm mesmo esta estratégia”, explica Torres. “Parece quase certo que a baleia determinou que a quantidade de krill que poderia obter e o esforço que isso lhe iria custar, não valia a pena.” Isto porque a baleia teria de reduzir em muito a sua velocidade. Os investigadores analisaram a estratégia de alimentação desta baleia e descobriram que o animal aproximou-se da massa de krill a cerca de 10 quilómetros/hora. O acto de abrir a sua enorme boca para se alimentar abrandou a baleia até aos 1,7 quilómetros/hora. E voltar à velocidade cruzeiro exige muita energia.

 

Duas baleias ao largo da Nova Zelândia. Foto: Todd Chandler

 

“Seria como conduzirmos um automóvel e travarmos a cada 100 metros e depois acelerarmos de novo. As baleias precisam de escolher quando se alimentar.”

Estes animais alimentam-se tanto à superfície como em profundidade, seguindo as migrações verticais diurnas das suas presas até, pelo menos, aos 100 metros.

A baleia-azul está classificada como espécie Em Perigo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A sua população mundial não é bem conhecida, mas a UICN estima que estará entre as 10.000 e as 25.000 baleias, o que corresponde a apenas cerca de 3 a 11% da população que existia em 1911.

 

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Veja aqui o vídeo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.