Coruja-das-torres. Foto: Luc Viatour/Wiki Commons
Coruja-das-torres. Foto: Luc Viatour/Wiki Commons

Em 12 anos Espanha perdeu 13% das suas corujas

A população espanhol de corujas-das-torres (Tyto alba) diminuiu 13% desde 2005, alertou hoje a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), divulgando os dados do mais recente censo a nove espécies de aves nocturnas.

 

A coruja-das-torres é uma das aves nocturnas a registar maiores perdas populacionais, revela o programa Noctua, realizado desde 2005 por aquela organização, graças à colaboração de 450 voluntários.

Ainda assim, a redução das populações varia segundo as regiões de Espanha. “A população de coruja-das-torres regista valores mais baixos do que em 2005 em todas as regiões de Espanha menos na zona mediterrânica Norte (Castellón e Catalunha)”, segundo um comunicado da SEO/Birdlife.

Entre as regiões que estão a perder mais corujas estão a Andaluzia, Castela-La Mancha, Múrcia e ilhas Baleares. Aqui as populações destas aves estão reduzidas a metade do que eram há 12 anos.

Das aves nocturnas monitorizadas, apenas quatro viram as suas populações aumentar desde 2005. São elas o bufo-pequeno (Asio otus), o bufo-real (Bubo bubo), a coruja-do-mato (Strix aluco) e o noitibó-da-Europa (Caprimulgus europeus).

À exceção do bufo-real, que também ocorre em outras zonas, o bufo-pequeno, a coruja-do-mato e o noitibó-da-Europa são espécies associadas principalmente a zonas total ou parcialmente arborizadas. Por isso, mantém-se o mesmo padrão de evolução das aves comuns: as aves vinculadas a meios florestais aumentam, enquanto que as dos meios agrícolas diminuem.

Desde 2014, os voluntários que fazem este censo também monitorizam as três espécies de grilos de Espanha e o grilo-toupeira ou ralo (Gryllotalpa gryllotalpa), a partir dos sons que emitem. Tudo porque estes animais estão na base da dieta alimentar das aves nocturnas. “A evidência científica alerta para um declínio destes insectos, algo que o Noctua pretende analisar agora”, acrescenta a SEO/Birdlife.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.