Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

Encontrado na Andaluzia corpo baleado de jovem lince-ibérico

O cadáver de uma jovem fêmea de lince-ibérico (Lynx pardinus) foi encontrado nesta terça-feira por técnicos do Projeto Life Iberlince em Villafranca de Córdoba (Córdoba, Andaluzia), foi ontem revelado.

 

Trata-se da lince Niebla, uma jovem lince que foi libertada a 30 de Janeiro deste ano na propriedade de La Ventilla, Villafranca de Córdoba. Era filha de Kilimanjaro e Coscoja e nasceu no Centro de Reprodução em Cativeiro de La Olivilla, em Santa Elena (Jaén).

Segundo o projecto Life Iberlince, o “colar deste exemplar, que se encontrava inserida no programa de monitorização, mostrava sinais de inatividade, o que confirmou as piores previsões”. Na terça-feira, dia 26 de Dezembro, o corpo do lince foi encontrado na zona de Las Cumbres.

O corpo do animal foi transportado para o Centro de Análises e Diagnóstico da Fauna Selvagem da Junta da Andaluzia (CAD), onde se está a praticar a necropsia. Mas após uma primeira análise ocular pelos técnicos, o corpo não apresentava sinais de violência.

De acordo com os primeiros dados, no corpo desta lince “foram observados cerca de 35 chumbos, o que vem a constatar que, por detrás desta morte, há ação humana”, acrescenta o Iberlince em comunicado.

 

Imagem: Projecto Iberlince

 

Ontem, o ramo espanhol da organização WWF considerou que 2017 foi um ano “terrível” para o lince-ibérico, tendo em conta os mais de 30 animais encontrados mortos por causa humana. Segundo o balanço feito à agência espanhola EuropaPress, este ano morreram atropelados 21 linces e os restantes foram vítimas de furtivismo.

“É urgente pôr fim a estes problemas para podermos enfrentar os verdadeiros desafios do futuro da espécie, como são a conservação do coelho-bravo e a conectividade entre as populações dispersas”, comentou à agência Luis Suárez, responsável pelo programa de Espécies da WWF Espanha.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.