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Tartaruga-comum (Caretta caretta). Foto: Frank Vincentz/Wiki Commons

Encontro com duas tartarugas e um mistério por desvendar

Paulo Catry está embarcado numa expedição científica de 15 investigadores, que durante um mês vai estudar a importância de uma zona específica do Atlântico Norte para aves, baleias, golfinhos e tartarugas. Esta é a segunda das crónicas que o investigador do MARE-ISPA vai publicar na Wilder, escritas a bordo do navio oceanográfico RSS Discovery, em mar alto.

 

12 Junho – Andamos cerca de 500 km a norte dos Açores. Hoje, finalmente tivemos mar fácil, embora sempre a mexer, e vento fraco. E sol. Poucas aves, praticamente só algumas cagarras, bem espaçadas por longos períodos de espera.

 

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Tartaruga-comum (Caretta caretta). Foto: Frank Vincentz/Wiki Commons

 

Apareceram duas tartarugas-comuns (Caretta caretta), o que não tem nada de surpreendente (são comuns em redor dos Açores), mas não deixa de ser fascinante vê-las em mar tão aberto e distante, a milhares de quilómetros do local onde nasceram.

São animais jovens, que passam os primeiros anos de vida a deambular pelo oceano, longe de costas e de plataformas continentais.

Estas muito provavelmente nasceram nas praias da Florida e da Carolina, nos EUA, e pelo tamanho andam já há alguns anos por esta imensidão atlântica, à espera de chegarem à idade de viverem mais perto das costas, e eventualmente de se tornarem adultas e começarem a reprodução (lá para os 20 ou 30 anos de idade).

No meio deste azul profundo, alimentam-se de tudo o que lhes aparecer, desde medusas, a caranguejos que vivem agarrados aos sargaços flutuantes, ou mesmo algum resto de peixe ou lula. Mas o alimento é escasso à superfície, e com a proverbial lentidão dos quelónios, não é certamente fácil encontrá-lo. Daí o crescimento tão lento.

 

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Tartaruga-comum. Foto: FunFood/Wiki Commons

 

A meio do dia, quando as águas aquecem na camada superficial, as tartarugas boiam à tona de água, apanhando banhos de sol.

Mas as tartarugas são boas mergulhadoras, podendo ir procurar sustento a dezenas de metros de profundidade. E apesar da lentidão, a pouco e pouco vão percorrendo milhares de quilómetros por Atlântico fora, com rotas ainda mal compreendidas; mais uma coisa por descobrir.

 

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Leia a crónica em que Paulo Catry conta como estão a ser os primeiros dias da expedição.

Conheça aqui mais sobre a expedição científica internacional do RSS Discovery e quais são os seus objectivos.