Este holandês bateu o recorde de aves observadas num ano

Arjan Dwarshuis tem 30 anos e o sorriso de quem já cumpriu um sonho: em 2016, fez o seu “Biggest Year”, com um total de 6.833 espécies de aves observadas num ano.

 

Para isso, Arjan lançou-se numa viagem à volta do mundo, em Janeiro do ano passado.

“Sou fascinado pela natureza desde que me lembro”, sublinhou este ornitólogo holandês, numa entrevista à Birdlife Internacional. “Aos nove anos, comecei a anotar as minhas observações de aves; aos 12, comecei a procurar por aves migradoras raras.”

Mas foi só numa viagem por vários países e continentes, à boleia, quando tinha 18 anos de idade, que se deparou “com muitas aves e ecossistemas ameaçados”. Desde então, nasceu a vontade de chamar a atenção das pessoas para este problema com um “Big Year” e com o recorde mundial.

“Com todos estes voos, não podia apenas ficar-me pelo despertar das atenções”, reconhece Arjan, que por isso decidiu aliar as viagens a uma campanha de recolha de fundos para a Birdlife International, em parceria com a Vogelbescherming Nederland (parceira local da Birdlife) e com a Dutch Birding Association.

Desde o Sul da Austrália, onde encontrou a sua maior raridade, até ao Quénia, onde observou mais de 100 aves apenas num dia, Arjan viajou por 40 países ao longo de 12 meses, num esforço para observar o maior número possível das 11.000 espécies de aves actualmente reconhecidas.

 

 

Limitou-se à Holanda e a Espanha no que respeita à Europa, mas passou largos períodos de tempo na Austrália, América, Ásia e África, viajando por países como a Etiópia, Quénia, Tanzânia e Madagáscar. Foi o Brasil que lhe ofereceu a maior variedade de espécies, num total de 554 aves diferentes.

No entanto, não deu atenção apenas à quantidade de aves observadas, mas também à situação em que se encontram: “Estou a tentar incluir tantas aves e habitats Criticamente em Perigo de extinção quanto possível. Estas aves raras são muito importantes localmente”, contou na entrevista à Birdlife.

 

Quetzal-resplandecente. Foto: Arjan Dwarshuis
Quetzal-resplandecente. Foto: Arjan Dwarshuis

 

A questão é que o ecoturismo é muito importante, destaca. “A única razão pela qual alguns pedaços de floresta ainda se mantêm é porque um guia local está a envolver a comunidade local na conservação.”

Apesar das boas recordações deste último ano – como por exemplo a observação de um picatartes-da-Guiné (Picathartes gymnocephalus), durante uma excursão numa floresta do Gana – Arjan chama a atenção para as mudanças que sentiu. “Tinha estado em África quando era mais novo e desta vez senti muito a falta de abutres. Passados apenas 10 ou 20 anos, tornaram-se muito mais difíceis de avistar. Não consigo acreditar na velocidade deste declínio.”

Nas suas viagens foi sempre acompanhado por outras pessoas, como guias locais, amigos, a namorada e também por familiares. A seu lado teve também uma equipa de filmagens, que promete transformar este “Biggest Year” num documentário, que vai ser divulgado ainda este ano.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Arjan Dwarshuis recolheu até agora 20.000 euros, para a Dutch Birding Association e a Birdlife International, mas diz que só vai parar quando chegar aos 100.000 euros. Pode contribuir aqui para a campanha.

Conheça o blogue onde o ornitólogo holandês fez o registo das suas viagens. E nesta lista, conheça todas as espécies que ele registou em 2016.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.