Fêmea de lince-ibérico morta em Mértola foi envenenada

Kayakweru tinha dois anos e estava em liberdade há duas semanas quando faleceu por envenenamento, revelam agora os resultados da necropsia e análise forense.

Esta fêmea de lince-ibérico (Lynx pardinus) nasceu em 2013 no Centro Nacional de Reprodução de Lince Ibérico em Silves e, a 25 de Fevereiro deste ano, foi libertada na zona do Vale do Guadiana, em Mértola, juntamente com Kempo (que veio de Doñana, Espanha).

O animal estava rádio-marcado para facilitar à equipa vigiar os seus comportamentos. A 12 de Março, a equipa de campo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) encontrou esta lince morta numa zona florestal, informou em comunicado.

O caso está agora nas mãos dos Serviços do Ministério Publico, em Beja, que decidirá o seguimento a dar ao caso de envenenamento, segundo as conclusões da necropsia e análise forense feitas pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.

Depois da morte de Kayakweru, “uma brigada cinotécnica trabalhará periodicamente na zona do vale do Guadiana, em Mértola, para detecção e controlo de venenos”, avança o comunicado.

Além disso, o ICNF e o SEPNA vão “desenvolver todos os esforços necessários à minimização de riscos de morte”, como os laços ou outras armadilhas.

Actualmente estão na zona de Mértola e Vale do Guadiana cinco linces-ibéricos libertados no âmbito do Programa Nacional para a conservação da espécie, desde Dezembro do ano passado. Estes animais continuarão a ser monitorizados em permanência.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.