Foto: George Poinar

Esta flor descoberta no âmbar tem 30 milhões de anos

Dois cientistas americanos descobriram uma nova espécie de planta a partir de vestígios conservados em âmbar, estudados após terem permanecido durante 30 anos num laboratório do Oregon.

 

Os investigadores calculam que a espécie agora descoberta terá existido há 15 a 30 milhões de anos atrás, durante o Cretáceo. A espécie pertence ao género Strychnos, que inclui plantas das quais se extrai um dos venenos mais potentes da Terra – a estricnina – tal como o curare, que é um tóxico paralisante, e outras drogas e toxinas. No passado, a estricnina era muito utilizada nos venenos para ratos.

Este é também o primeiro fóssil do grupo das asterídeas descrito por investigadores – um dos maiores grupos conhecidos de plantas com flor, que inclui plantas tão diversas como os girassóis, o café, as batatas, as petúnias e o tabaco.

O estudo foi publicado no jornal Nature Plants.

Lena Struwe, investigadora especializada em botânica da Universidade de Rutgers (Nova Jersey), baptizou a nova espécie de Strychnos electri – um nome derivado da palavra grega para âmbar, ‘elektron’.

Neste caso, as duas plantas analisadas tinham quase um centímetro de comprimento e estavam praticamente intactas, algo muito difícil de acontecer. “Parecia que estas flores tinham acabado de cair de uma árvore”, descreveu George Poinar, da Universidade Estatal do Oregon.

 

Foto: Goerge Poinar
Foto: George Poinar

 

Poinar, entomólogo, dedicou cerca de 30 anos a estudar cerca de 500 fósseis, na maioria insectos, que tinha retirado de uma mina de âmbar durante uma saída de campo na República Dominicana, em 1986.

Só depois de dedicar o seu tempo aos insectos preservados no âmbar é que o investigador olhou com mais atenção para as plantas. Foi então que decidiu enviar, em 2015, imagens em alta resolução dos dois fósseis para Lena Struwe analisar.

Os dois cientistas acreditam que a espécie agora descoberta terá sido venenosa, em maior ou menor grau, à semelhança de quase todas as plantas do género Strychnos. Acredita-se que é dessa forma que estas espécies se procuram defender dos herbívoros

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.