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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Fogos causaram recorde de animais feridos em centro de recuperação da Quercus

Mais de 250 animais ingressaram durante a última semana no CERAS, um hospital de fauna selvagem gerido pela Quercus em Castelo Branco, anunciou a associação.

 

Segundo um comunicado da Quercus, “os grandes incêndios que se têm feito sentir, associados à vaga de calor e seca extrema em grande parte do território nacional, estão a provocar um aumento fora do normal nos ingressos de fauna selvagem ferida” no CERAS-Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens, em Castelo Branco.

Por ano, o centro costuma receber em média cerca de 200 animais, o que coloca os valores da semana passada muito acima do habitual. “Ainda estamos a metade do ano, pelo que é expectável que este número duplique até ao final de 2017”, avisa a associação, que apela à ajuda de mais voluntários e de donativos para fazer face a este aumento inesperado.

Nas últimas semanas, no CERAS chegaram a estar mais de 90 animais internados em simultâneo, mas neste momento o centro acolhe cerca de 50, pertencentes a “espécies tão diferentes como cegonhas, abutres, mochos, abelharucos, várias espécies de águias, esquilos, entre muitas outras.”

A Quercus sublinha que todas estas espécies selvagens “são protegidas por lei e algumas delas encontram-se em perigo crítico de extinção, como a rara águia-imperial-ibérica, com uma população em Portugal de apenas 13 casais”.

Muitos dos animais  têm entrado no centro através dos agentes da GNR – SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente) e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, mas “uma parte significativa tem sido entregue por particulares”.

 

Ajuda precisa-se

 

Face ao grande aumento de internamentos, são necessários mais voluntários, em especial ao fim-de-semana, apela a associação.

“Actualmente as tarefas diárias no centro passam por alimentar crias de 3 em 3 horas, realizar tratamentos, preparar a alimentação dos animais, limpeza e manutenção de instalações ou ajudar nas acções de sensibilização e devolução à natureza dos animais recuperados.”

Outras ajudas passam pelos donativos ou pelo apadrinhamento de animais.

 

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Agora é a sua vez.

Estas são as regras a seguir se encontrar um animal ferido, aconselhadas pela Quercus:

 

  1. Aproximar-se com cuidado e cobrir o animal ferido com uma toalha ou pano, de forma a privá-lo da visão para ele não ferir quem o apanha;
  2. Caso tenha uma caixa de cartão, de preferência um pouco maior do que o animal, perfurá-la previamente e coloca-lo cá dentro. Não tendo, enrolar a toalha que foi usada à volta do animal para lhe limitar os movimentos. Podem usar-se luvas de cabedal ou jardinagem;
  3. Contactar as autoridades competentes para encaminharem o animal para um centro de recuperação, através do SOS Ambiente (808200520);
  4. Manter o animal num local calmo, escuro e aquecido até à recolha, evitando contactos frequentes e sem dar alimentos ou medicação;
  5. Recolher todas as informações sobre o local e condições em que foi encontrado o animal ferido (junto a uma estrada, linha eléctrica, reserva de caça, etc);
  6. Caso não se sinta à vontade a recolher um animal ferido, contactar directamente o SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente) e vigiá-lo para ele não se esconder antes de chegar ajuda.

 

 

 

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.