Garças e grous entre os vencedores dos Prémios de Fotografia Audubon 2015

A Audubon Society anunciou recentemente em Nova Iorque os nomes dos cinco fotógrafos, de entre mais de 2300, que venceram a 6ª edição deste concurso de fotografia de aves. Melissa Groo foi a grande vencedora com a imagem de uma garça.

 

Um júri composto por cinco especialistas – entre os quais o fotógrafo da National Geographic Joel Sartore – analisou mais de 9000 fotografias de aves, submetidas por fotógrafos de mais de 50 estados norte-americanos. Os critérios foram a qualidade técnica, originalidade e mérito artístico, segundo um comunicado enviado à Wilder.

A grande vencedora foi Melissa Groo com uma fotografia de uma garça-branca-grande (Ardea alba) em Port Richey, na Florida (na imagem que publicamos no destaque). “Decidi fazer retratos das aves que chegavam a este local de nidificação”, conta Melissa. “Foi então que reparei nesta garça que começou a fazer as mais lindas poses. Mais tarde dei-me conta de que esta fotografia me fazia lembrar uma pintura de (John James) Audubon.”

Na categoria de fotógrafos profissionais, o primeiro prémio foi para Chris Gug, com uma imagem de um corvo-marinho-de-orelhas (Phalacrocorax auritus), perto de La Paz, no México.

Fotografia: Chris Gug/Audubon Photography Awards
Fotografia: Chris Gug/Audubon Photography Awards

 

“Antes da minha viagem a La Paz, contactei todos guias e lojas de mergulho locais para saber se poderia ver aves a mergulhar nos famosos bancos de peixes do Golfo da Califórnia. Todos me disseram que Novembro era o mês errado”, conta Gug. “Sem esperança nenhuma, concentrei-me apenas nos peixes e desisti de procurar aves. Por isso, quando o primeiro corvo-marinho mergulhou mesmo ao meu lado nem queria acreditar! Durante a hora seguinte, quatro ou cinco mergulharam repetidamente até apanharem os seus peixes. Depois desapareceram e nunca mais vi nenhum até ao final da minha expedição”.

Jason Savage recebeu uma menção honrosa nesta mesma categoria, com a sua fotografia de dois grous-canadianos (Grus canadensis) nas margens de um lago perto de Helena, no Montana.

 

Fotografia: Jason Savage/Audubon Photography Awards
Fotografia: Jason Savage/Audubon Photography Awards

 

Na categoria artística, o vencedor foi Constance Mier com uma fotografia captada na Baía Biscayne, perto de Miami, de corvos-marinhos-de-orelhas (Phalacrocorax auritus), guinchos-americanos (Leucophaeus atricilla) e garajaus-reais (Thalasseus maximus).

 

Fotografia: Constance Mier/Audubon Photography Awards
Fotografia: Constance Mier/Audubon Photography Awards

 

“Um dia, depois de ter passado a manhã a fotografar aves a partir da minha canoa, virei-me em direcção ao Sol e vi esta imagem. Era tão apelativa, especialmente com os corvos-marinhos a formar uma linha horizontal, que ancorei a canoa e captei a cena enquanto as aves se moviam pelas águas. As estacas já desapareceram, por isso, para mim, esta imagem capta verdadeiramente um momento no tempo”, conta o fotógrafo.

Donald Wuori venceu o primeiro prémio na categoria de Fotógrafos Amadores, com uma fotografia de um ninho de Protonotaria citrea, no Santuário da Audubon na Floresta Francis Beidler, em Harleyville, na Carolina do Sul.

Fotografia: Donald Wuori/Audubon Photography Awards
Fotografia: Donald Wuori/Audubon Photography Awards

 

“Estava parado num trilho a fotografar um ninho de Protonotaria cítrea quando um macho chegou e deu um insecto à fêmea, um belo momento!”, diz Wuori.

O júri atribuiu duas menções honrosas nesta categoria a Steve Russell, com uma fotografia de dois flamingos-americanos (Phoenicopterus ruber), e a Tim Timmis, com uma imagem de Rynchops niger.

Fotografia: Steve Russell/Audubon Photography Awards
Fotografia: Steve Russell/Audubon Photography Awards

 

Fotografia: Tim Timmis/Audubon Photography Awards
Fotografia: Tim Timmis/Audubon Photography Awards

 

O vencedor na categoria Juvenil foi Zachary Webster, com uma fotografia de um Passerina ciris, no Rancho Laguna Seca, no Texas.

Fotografia: Zachary Webster/Audubon Photography Awards
Fotografia: Zachary Webster/Audubon Photography Awards

 

“Tirei centenas de fotografias destas aves ao longo de três dias no final de Maio, para estudar como mergulham na água e depois voam novamente. Não queria apenas uma ave molhada, ou uma com a cabeça na água, o que teria sido fácil. Queria captar a cabeça no ar e o brilho dos olhos, bem como as gotas de água. No fundo, queria mostrar a beleza de uma imagem parada no tempo que poucas pessoas podem ver”, conta.

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A Audubon Society é uma organização não governamental dedicada à conservação, criada em 1905. Deve o seu gome a John James Audubon, um ornitólogo naturalista que pintou, catalogou e descreveu as aves da América do Norte, no seu famoso livro “Birds of America”, publicado entre 1827 e 1838.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.