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Inaugurada exposição em Setúbal feita de 70.000 beatas de cigarro

A artista Ana Quintino transformou em matéria prima as 70.000 beatas recolhidas pela campanha da organização Feel4Planet em Setúbal e suas zonas ribeirinhas. É um alerta para a ameaça do lixo marinho e urbano.

 

A exposição “Beata no chão, no mar, na areia: uma perigosa viagem” está de portas abertas de 4 a 23 de Abril no Auditório Casa do Largo/Pousada da Juventude de Setúbal.

São 70.000 beatas que foram recolhidas pelo grupo informal Feel4Planet em nove acções em 2017 e duas em 2018, em Setúbal, no âmbito da Campanha #STBSEMPONTAS.

“As beatas de cigarro, e ao contrário do que a maioria da população pensa, são constituídas por fibras de plástico, constituindo o principal lixo marinho encontrado nas praias”, explicou anteriormente à Wilder Vânia Silva, uma das fundadoras do grupo.

Um dos objectivos desta campanha é evitar que as beatas cheguem ao mar e aos rios, “já que não são biodegradáveis. Levam entre sete e 12 anos a degradar-se, mas nunca totalmente, transformando-se em microplásticos. São responsáveis pela libertação de cerca de 4.700 substâncias nocivas para o ambiente”.

A Feel4Planet, organização independente e informal, foi fundada por quatro jovens do distrito de Setúbal, todas com 24 e 25 anos de idade e de várias áreas de estudo – Educação Básica e Ensino Especial (Márcia Batista, Barreiro), Gestão e Administração Pública (Mafalda Custódio, Palmela), Ciência Política e Relações Internacionais (Vânia Silva, Setúbal) e Biologia (Carolina Nunes, Setúbal).

A sua primeira recolha de beatas aconteceu a 10 de Maio de 2017, reunindo 30 voluntários que, em apenas 15 minutos, recolheram 4.212 beatas de cigarro abandonadas na zona ribeirinha da Praia da Saúde, em Setúbal.

Desde então, já se fizeram mais 10 recolhas. No total, 70.000 beatas foram retiradas das praias, zonas ribeirinhas e da cidade. Depois, passaram para as mãos de Ana Quintino, artista plástica de Setúbal que vai buscar inspiração às experiências, texturas e impressões que tira do que vê.

Aceitou o desafio da Feel4Planet para, através da utilização de beatas como matéria-prima, mostrar a problemática das beatas e do mau hábito de as atirar para o chão, sensibilizando para as questões do lixo marinho e urbano e o perigo que estas representam para o ambiente.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

A Wilder juntou-se a uma das acções de recolha de beatas em Dezembro e conta-lhe como foi.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.