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Indústrias de pasta de papel causaram a poluição no Tejo, confirma APA

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou ontem que a poluição do rio Tejo junto ao açude de Abrantes, no final de Janeiro, foi causada pelas indústrias de pasta de papel a montante.

 

“Com base nas análises, confirma-se que o acumular da carga orgânica com origem nas indústrias de pasta de papel a montante de Abrantes tem impacto significativo na qualidade da água do rio Tejo”, disse Nuno Lacasta, presidente da APA, citado pelo Observador.

Em conferência de imprensa realizada ontem, a APA acrescentou que as águas do rio Tejo registavam níveis de celulose cinco mil vezes acima dos níveis recomendados.

As análises à água foram realizadas após mais um episódio de poluição extrema do rio Tejo, junto ao açude de Abrantes (distrito de Santarém). Desde 23 de Janeiro, uma cobertura de espuma esbranquiçada escondia as águas negras do rio Tejo, denunciou então Arlindo Marques, dirigente do Movimento pelo Tejo – proTEJO. “Parece o cenário de um filme, tanta espuma que mal deixa ver a água”, contou Arlindo Marques num vídeo que partilhou nas redes sociais. “É inadmissível.”

Ontem, a APA não especificou nomes de empresas, referindo apenas que as responsáveis pela poluição trabalham a montante de Abrantes e das albufeiras de Fratel e Belver. Ainda assim, escreve o Público, Nuno Lacasta sublinhou que a Celtejo é responsável por 90% das descargas naquela zona, lembrando que esta empresa foi obrigada a reduzir para metade as descargas de efluentes durante 10 dias.

Actualmente, o rio Tejo regista uma redução de caudais, depois de um 2017 com “temperaturas muito elevadas” e “com ondas de calor, inclusivamente em Novembro”, segundo uma nota da APA. “A precipitação tem sido igualmente abaixo da média, o que tem determinado a situação de seca que se observa.”

Esta situação alterou a capacidade do rio em receber as descargas autorizadas às empresas, notou Nuno Lacasta, citado pelo Observador. Até ao final deste mês todas as licenças dadas às empresas serão revistas, adiantou.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.