Foto: Joana Bourgard

Investigador Miguel B. Araújo recebe prémio espanhol de protecção do Ambiente

O investigador português Miguel Bastos Araújo recebeu ontem em Valência (Espanha) o prémio Rey Jaime I, na categoria de protecção do Ambiente, pelo seu trabalho sobre os impactos das alterações climáticas na biodiversidade.

 

Segundo o júri dos prémios Rey Jaime I , Miguel B. Araújo , 47 anos, “é um líder mundial no estudo dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade”, segundo um comunicado. Este prémio espanhol distingue, todos os anos, as “pessoas cujo trabalho seja altamente significativo e que tenha sido desenvolvido, na sua maior parte, em Espanha”.

Miguel B. Araújo é investigador do CIBIO-InBIO na Universidade de Évora, investigador no Museu de Ciências Naturais do CSIC (Conselho Superior espanhol de Investigação Científica) e director do grupo de investigação iBIOCHANGE.

Este ano na sua 28ª edição foram distribuídos seis prémios: Investigação Básica, Economia, Investigação Médica/Medicina Clínica, Protecção do Ambiente, Novas Tecnologias e Empreendedor. Miguel B. Araújo arrecadou o prémio de Protecção do Ambiente – uma medalha de ouro, um diploma e 100.000 euros -, e tornou-se no primeiro premiado não hispânico a receber este galardão.

“As alterações do uso do solo representam o maior impacto para o planeta”, disse Miguel B. Araújo numa cerimónia prévia à entrega dos prémios. O investigador português salientou também que os anfíbios são o grupo de animais mais ameaçado do planeta.

A organização dos prémios sublinha que “a sua investigação tem sido fundamental para o estabelecimento dos actuais padrões de modelação que predizem as alterações na biodiversidade, no tempo e no espaço e, de forma mais geral, para a avaliação das consequências das actividades humanas no mundo natural”, acrescenta em comunicado. Além disso, “as suas avaliações dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade chegaram a influenciar as políticas públicas de escala local e global”.

Na sua página de Facebook, Miguel B. Araújo escreve que esta é uma “honra partilhada com todos os estudantes, pós docs e pessoal de apoio da equipa, além dos colaboradores com quem tenho trabalhado nos últimos 20 anos.”

Até agora, o trabalho de Miguel B. Araújo está publicado em mais de 180 artigos em revistas e livros. De momento, a sua equipa está a trabalhar a resposta a três perguntas: como afectam as alterações climáticas do passado a distribuição e diversidade da vida na Terra; como poderão as alterações ambientais actuais e futuras afectar a biodiversidade e ainda como poderá conservar-se a biodiversidade face aos desafios actuais e futuros.

O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, já felicitou o investigador português. Numa nota publicada no site da presidência, destaca “a importância do trabalho científico nesta área dos modelos de previsão das mudanças na biodiversidade”, num contexto de “crescente preocupação internacional com os efeitos negativos das alterações climáticas”.

A cerimónia de entrega dos prémios foi presidida pelos reis de Espanha, acompanhados pela ministra espanhola da Saúde, e aconteceu em Lonja de los Mercaderes de Valência. Desde o seu início, os prémios Rey Jaime I já distinguiram 128 investigadores.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.