Já começou a campanha de libertação de linces-ibéricos em Guadalmellato

Uma fêmea de lince-ibérico, Niebla, foi libertada ontem na região de Guadalmellato, em Villafranca de Córdova, para reforçar geneticamente a espécie na Serra Morena. Começa assim a época de reintrodução destes felinos na zona da Andaluzia.

 

Niebla, filha de Coscoja e Kilimanjaro, nasceu no centro de reprodução de La Olivilla (Jaén) e foi ontem reintroduzida na propriedade de La Ventilla, um acontecimento presenciado por alunos da escola que lhe escolheu o nome.

Este ano, Guadalmellato, uma das zonas selecionadas pelo programa LIFE Iberlince para as reintroduções de linces, vai ser palco de mais libertações, concretamente as fêmeas Noa (filha de Hubara e Hache), Niagara (filha de Fábula e Juncabalejo) e o macho Navío (filho de Jarilla e Gazpacho).

O grande objectivo das reintroduções é “reforçar as populações desta espécie nestas regiões”, explica a Junta da Andaluzia, em comunicado. Desde o seu início, em 2009, foram libertados na Península Ibérica um total de 176 animais. Este ano estão previstos 40, oito dos quais em Portugal, no Vale do Guadiana.

As primeiras reintroduções de 2017 aconteceram a 25 de Janeiro em Guarrizas com duas fêmeas, Nebraska (nascida no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico, em Silves) e Nieve.

“O lince-ibérico, símbolo da conservação dos ecossistemas mediterrânicos, é uma espécie única e a sua situação torna totalmente inviável a sua sobrevivência sem o compromisso de toda a sociedade”, comentou ontem Rafi Crespín, delegada do Governo na Junta de Andaluzia na província de Córdova.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Leia a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.