Fêmea e crias no CNRLI. Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

Já são oito as crias de lince-ibérico no Centro Nacional de Reprodução

Depois de Flora e Juncia, cada uma com três crias, ontem foi a vez de Kaida ser mãe no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves. Nesta temporada são agora oito as crias desta espécie Em Perigo de extinção.

 

Kaida, lince-ibérico com cinco anos, pariu pela primeira vez a 5 de Abril no CNRLI. Teve duas crias “aparentemente saudáveis, fruto do seu emparelhamento com o macho Fresco“, informa o Programa de Conservação Ex-situ.

Esta é considerada “uma ninhada de risco devido à falta de experiência da Kaida“. Mas esta lince “parece estar a cuidar bem das crias, para uma fêmea inexperiente”, acrescenta o Programa.

Kaida é uma lince com história. Nasceu em outro centro de reprodução em cativeiro, o Centro de Cría de La Olivilla (Jaén). Quando tinha um ano de idade foi reintroduzida na natureza, mais concretamente em Guarrizas, na Andaluzia. Mas passados seis meses, em Novembro, teve de ser capturada porque não estava bem de saúde. “Comprovou-se que tinha lesões num dedo e uma infecção causada por um parasita e, por isso, ingressou nas instalações de quarentena de La Olivlla para recuperar”, explica o Programa.

Mas, no final do processo de recuperação, Kaida tinha perdido o seu comportamento de fuga face a humanos. Os técnicos do programa consideraram “prudente não voltar a soltá-la por risco de inadaptação”.

Chegou ao CNRLI em Dezembro de 2015 e este ano teve as suas duas primeiras crias com o macho Fresco. Este lince já foi pai de um total de 18 crias até ao momento, das quais 12 foram reintroduzidas. Destas, as mais famosas serão Khan e Kentaro, os linces viajantes que voltaram a Portugal depois de terem sido reintroduzidos em Montes de Toledo, Castilla-La Mancha.

Nesta temporada de cria – que começou em Dezembro de 2017 e só terminará em Abril de 2018 -, Silves viu nascer, a 28 de Março, as três crias de Juncia e Fado. Também Juncia foi mãe pela primeira vez. Por isso, a sua ninhada está a ser monitorizada com especial cuidado.

O primeiro parto da temporada aconteceu a 19 de Março, quando Flora e Madagáscar foram pais de três crias.

Para a época de 2017/2018 a decorrer nos cinco centros de reprodução em cativeiro, a nível ibérico, são esperadas entre 29 e 41 crias.

A par da temporada de partos em cativeiro, decorre na natureza o projecto de reintroduções para reforçar as populações selvagens. Este ano serão libertados 30 linces-ibéricos (15 machos e 15 fêmeas), distribuídos de acordo com critérios genéticos pelas diferentes áreas de reintrodução.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Leia a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do CNRLI em Silves.

 

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.