Japão dá luz verde a novo programa de caça à baleia na Antártida

Apesar da pressão internacional, o Governo japonês confirmou que vai mesmo avançar com o seu novo programa de caça à baleia na Antárctida. A frota de quatro navios faz-se ao mar nesta terça-feira.

 

O novo plano nipónico NEWREP-A prevê matar anualmente nos mares da Antárctida 333 baleias-anãs (Balaenoptera acutorostrata), de 2015 a 2027, alegando fins de investigação científica. Para este ano, a frota baleeira conta com quatro navios e 160 tripulantes. A justificação apresentada é a necessidade de recolher dados para conhecer melhor o ecossistema marinho da Antárctida e ainda para calcular qual o tamanho necessário das populações para retomar a caça comercial.

Esta decisão segue-se a meses de conversações no âmbito da Comissão Baleeira Internacional (CBI), organismo que gere a caça à baleia, e depois de o Tribunal Internacional de Justiça ter considerado ilegal o plano nipónico anterior ao NEWREP-A.

O comité científico desta comissão pediu ao Japão esclarecimentos sobre se seria mesmo necessário matar as baleias para as estudar. O Governo nipónico diz agora que levou em conta as recomendações do comité científico. Apesar disso entende que os métodos não-letais não seriam capazes de providenciar dados adequados e insiste que “a informação derivada de amostras letais no âmbito do NEWREP-A vai contribuir para a melhoria da conservação e gestão dos stocks de baleias”, segundo uma nota apresentada junto da CBI.

Desde 1987 que a CBI proíbe a caça comercial à baleia, a menos que seja para fins científicos. É precisamente esta excepção que o Japão tem utilizado e desde então já matou 13.000 baleias-anãs. Mas no ano passado, o Tribunal Internacional de Haia ordenou uma paragem imediata à caça à baleia na Antártida por considerar que as alegações científicas eram apenas uma desculpa. De fora desta decisão ficou o programa japonês de caça à baleia no Pacífico Norte.

Perante esta decisão, o Governo australiano já fez saber que pretende enviar um navio para vigiar a frota nipónica em águas que Camberra considera serem um santuário para baleias. “Não aceitamos o conceito de matar baleias para a chamada ‘investigação científica’ sob qualquer forma”, escreveu recentemente o ministro australiano do Ambiente Greg Hunt no site do Governo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.