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Linhas eléctricas corrigidas para proteger águia-imperial

Para prevenir casos de electrocussão de águias-imperiais (Aquila adalberti) no Alentejo, a EDP Distribuição começou no mês passado a tarefa de corrigir 25 quilómetros de linhas eléctricas até 2017, no âmbito do projecto de conservação da espécie LIFE Imperial, anunciou nesta semana a LPN.

 

Neste momento está em curso a primeira fase desta iniciativa, numa extensão de mais de cinco quilómetros. O objectivo é “aumentar a eficácia e a durabilidade do isolamento” das linhas através de uma “nova metodologia que combina, pela primeira vez, dois tipos diferentes de cobertura flexível de proteção de condutores”, explicam os responsáveis da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), em comunicado.

A medida surge no âmbito do Projeto LIFE Imperial (2014-2018), que pretende contribuir para o aumento da população da espécie em Portugal.

Actualmente, o risco de eletrocussão é um dos factores mais importantes de mortalidade não natural da águia-imperial. “A vulnerabilidade da espécie à eletrocussão deve-se à sua grande envergadura e à utilização de apoios de linhas elétricas como poisos”, explicam. Até à data estão confirmados 13 casos de mortalidade de Águia-imperial por eletrocussão em Portugal.

A correcção das linhas elétricas de alta perigosidade vai acontecer até 2017 nas Zonas de Proteção Especial (ZPE) para as Aves de Castro Verde, Vale do Guadiana e Mourão/Moura/Barrancos.

A equipa do Projeto LIFE Imperial vai “acompanhar e monitorizar o impacte das intervenções nas linhas elétricas para avaliar o seu sucesso”. Segundo a LPN, “esta medida é um passo importante para a conservação da águia-imperial a longo prazo no nosso país, beneficiando igualmente um conjunto alargado de outras espécies”.

A águia-imperial é uma espécie com estatuto de Criticamente em Perigo em Portugal, de onde se extinguiu nos anos 1970. Depois de uma lenta recolonização com aves vindas de Espanha, em 2013 haviam em Portugal nove casais confirmados.

O Projecto LIFE Imperial está a ser implementado nas ZPE da Rede Natura 2000 de Castro Verde, Vale do Guadiana, Mourão/Moura/Barrancos e Tejo Internacional, Erges e Pônsul.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais aqui sobre a conservação da águia-imperial a decorrer em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.