Livro sobre a I Guerra Mundial vence prémio britânico de literatura de natureza

O anúncio foi feito ontem à noite. O escritor naturalista John Lewis-Stempel venceu pela segunda vez o Wainwright Book Prize com Where Poppies Blow, um livro que revela como o mundo natural ajudou as tropas inglesas durante a I Guerra Mundial.

 

Where Poppies Blow – The British Soldier, Nature, The Great War é a história dos soldados ingleses durante a I Guerra Mundial e da sua relação com os animais e as plantas em seu redor. John-Lewis Stempel sugere que esta relação foi de uma importância profunda para que os soldados encontrassem a força para continuar a sobreviver.

A natureza sarou e, apesar das balas e do sangue, inspirou os soldados a não desistir. Através de poemas, excertos de cartas, notas de campo e entradas de diários, este livro dá-nos uma imagem vívida da vida numa das frentes da guerra, através da relação entre homem e natureza.

Where Poppies Blow está destinado a ser um clássico moderno”, disse Julia Bradbury, representante do júri desta 4ª edição do prémio literário, em comunicado. “É um livro extraordinário sobre o poder curador e a resiliência da natureza nos tempos mais difíceis.” Apesar de nos lembrar das atrocidades da guerra, “John Lewis-Stempel tece uma história de animais e vida selvagem que sobrevive, morre e permanece ao lado dos homens e mulheres que perderam as suas vidas”, acrescentou.

Esta é a segunda vez que John Lewis-Stempel vence o Wainwright Book Prize. O seu livro Meadowland venceu a edição de 2015. Para este ano tinha dois livros na lista de nomeados: Where Poppies Blow e The Running Hare.

Além dos livros de Stempel, a lista dos nomeados para a edição de 2017 era constituída por Wild Kingdom (de Stephen Moss), The Wild Other (de Clover Stroud), The January Man (de Christopher Somerville), Love of Country (de Madeleine Bunting) e The Otter’s Tale (de Simon Cooper).

O vencedor desta edição – que recebe um prémio de 5.000 libras (cerca de 7.000 euros), financiado pela Wainwright Golden Beer – foi anunciado num evento organizado pela revista BBC Countryfile em Blenheim Palace, Oxfordshire, no sudeste de Inglaterra.

No ano passado, a grande vencedora foi a escritora escocesa Amy Liptrot, com o seu livro de estreia The Outrun. A primeira edição do prémio, em 2014, escolheu como vencedor The Green Road into Trees: a walk through England, de Hugh Thomson.

Este anúncio surge numa altura de renascimento para a literatura de natureza no Reino Unido, com vários escritores de não-ficção a encontrar inspiração nas interacções com o mundo natural que os rodeia. Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.