Mais de 6 mil pessoas visitaram a feira de natureza ObservaRia

A terceira edição da ObservaRia – Estarreja Birdwatching Fair atraiu mais de 6.000 visitantes de 6 a 9 de Abril, segundo números avançados ontem pela Câmara Municipal de Estarreja, promotora do evento.

 

A feira bienal, que terá uma próxima edição em 2019, aconteceu em plena paisagem do Baixo Vouga Lagunar, habitat que oferece casa e alimento para várias espécies, algumas das quais ameaçadas. Entre as espécies emblemáticas desta área natural estão a garça-vermelha – que tem no caniçal junto à Ria de Aveiro a maior colónia de nidificação do país -, a cigarrinha-ruiva ou o rouxinol dos caniços.

Nos quatro dias foram realizadas 50 actividades para a descoberta da Ria de Aveiro, desde passeios a pé, de bicicleta ou veículo elétrico até aos percursos de barco tradicional (como o moliceiro ou bateira-erveira de Canelas), de charrete, paddle ou balão de ar-quente.

“Estas áreas têm a possibilidade de potenciar o turismo de natureza, cujas receitas não são nada desprezíveis neste sector”, disse na sessão de abertura da feira Rogério Rodrigues, presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Para Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal, esta é uma “aposta ganha do ponto de vista do turismo ativo e de natureza”, salientando “aquilo que nos identifica, que diferencia a nossa oferta”.

O grande objectivo do evento “é ser uma referência internacional”, comentou Norberto Monteiro, coordenador do projeto BioRia, no Esteiro de Salreu, com 50 quilómetros de percursos de natureza. “Temos todas as condições naturais para que tal possa vir a acontecer.”

Durante a feira foi lançado o documentário “Encontro d’Águas – Segredos da Ria e do Baixo Vouga Lagunar”, do realizador Daniel Pinheiro, e que foi exibido no espaço Vida Selvagem, na SIC, no último domingo. O documentário retrata “a confluência do Rio Vouga com a Ria de Aveiro, que origina este ecossistema único no país. É esse encontro de águas que temos aqui relatado, todas as espécies que vivem cá e a relação das espécies com o homem e a agricultura, que deu origem a este agroecossistema, humanizado e seminatural”, explica o realizador.

O documentário foi promovido pela Câmara Municipal de Estarreja, como parte de uma “estratégia global, onde se integram o BioRia e a ObservaRia”, por exemplo, explicou o vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Estarreja, Adolfo Vidal.

“Se as pessoas de cá olharem para o projeto BioRia como sendo delas e darem a devida importância ao património natural, são os primeiros fatores de promoção e preservação do território, isso é excelente”, acrescentou.

Em 2015, na segunda edição, a ObservaRia teve cerca de 5.000 visitantes em dois dias.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.