Mau tempo leva mais animais para centro de recuperação

Nas últimas semanas, o centro de recuperação de animais selvagens em Castelo Branco não tem tido mãos a medir. Dois mochos, uma coruja, uma águia e uma cegonha-branca são as mais recentes vítimas do mau tempo.

São histórias de atropelamentos e electrocussões as que contam os animais que têm chegado nos últimos tempos a Castelo Branco ao CERAS – Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens, gerido pela associação Quercus.

“Têm chegado aqui vários animais com traumatismos graves por atropelamento, nomeadamente dois mochos-galegos, uma coruja-do-mato, uma águia-de-asa-redonda. Também chegou uma cegonha-branca electrocutada e outra com uma luxação de ombro por uma colisão com uma linha eléctrica”, diz Rocío Peñuela, a veterinária responsável pelo centro de recuperação.

A sua explicação para o aumento dos casos é o “mau tempo, o vento e a chuva, por causa da perda de visibilidade”.

Abutre-preto (Aegypius monachus) Fotografia: Douglas Rogerson
Abutre-preto (Aegypius monachus) Fotografia: Douglas Rogerson

O Inverno pode, de facto, ser uma estação complicada para a vida selvagem. “No Inverno, os animais que entram feridos no centro são, normalmente, indivíduos adultos. Já na Primavera e Verão, com a temporada de cria, há muitos ingressos de crias e de juvenis”, explica.

As causas de entrada mais frequentes são os atropelamentos. “Há menos horas de luz que no Verão, pelo que a visibilidade das estradas é mais reduzida, além de haver mais nevoeiro e chuva”, diz Rocío Peñuela. Outras causas são “as colisões com linhas eléctricas, electrocuções e tiro, quando está aberta a época de caça”.

Constantes ao longo de todo o ano são os animais que vão parar ao centro de Castelo Branco por terem estado em cativeiro ilegal ou por terem colidido com janelas, “sobretudo grandes janelas de vidro que as aves não identificam como uma barreira”, ou ainda animais com traumatismos por causa de vedações de arame farpado e quedas em balsas de rega.

Neste momento estão em recuperação no CERAS dois mochos-galegos, duas cegonhas-brancas, quatro águias-de-asa-redonda, dois gaviões, dois pombos e um abutre-preto.

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se quiser ajudar estes animais, pode inscrever-se como voluntário para ajudar no trabalho diário do centro, nomeadamente no tratamento dos animais, alimentação e limpeza das instalações. E ainda pode ajudar a construir novas infra-estruturas, como túneis de voo, e reparar redes de sombra, construir poleiros, piscinas para as aves, etc.

Mas mesmo sem ser voluntário, pode apadrinhar animais selvagens, doar medicamentos, alimentos ou mesmo fazer um donativo em dinheiro.

Pode encontrar tudo aquilo que o centro precisa aqui.

E se encontrar um animal ferido, a Quercus diz-lhe o que pode fazer para ajudar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.