“Meadowland” vence prémio britânico de literatura de natureza

O agricultor e escritor John Lewis-Stempel venceu quarta-feira à noite o prémio literário britânico Thwaites Wainwright Prize 2015 com o livro “Meadowland: the Private Life of an English Field”, onde relata um ano na vida de um prado numa quinta.

 

John Lewis-Stempel regista a passagem das estações do ano, desde as prímulas na Primavera ao corte do feno no Verão e às pastagens no Outono, e inclui as biografias dos animais que ali vivem: o clã de texugos, a família de raposas, as tocas de coelhos, o bando de estorninhos, entre outros. Os seus nascimentos, vidas e mortes naquela quinta em Herefordshire, condado da zona oeste de Inglaterra, são as histórias contadas ao longo do livro.

“Meadowland”, publicado no ano passado, foi o seleccionado pelo júri de entre uma lista de seis livros a concurso. As outras cinco obras são: “Running Free: A Runner’s Journey Back to Nature”, de Richard Askwith; “The Moor”, de William Atkins; “Claxton: Field Notes from a Small Planet”, de Mark Cocker; “H is for Hawk”, de Helen Macdonald; e “Rising Ground: A Search for the Spirit of Place”, de Philip Marsden.

Pelo primeiro lugar ganha cerca de 7000 euros, neste prémio concedido pela editora Frances Lincoln, em parceria com o National Trust, que pretende distinguir os melhores livros no reino Unido sobre natureza e literatura de viagens.

“De uma lista excepcionalmente forte, seleccionámos um livro cuja prosa atingiu a perfeição”, comenta Fiona Reynolds, representante do júri, em comunicado. “Este é um livro que deverá fazer-nos a todos querer explorar as maravilhas e realidades da natureza à nossa porta”, acrescenta.

Este anúncio surge numa altura de renascimento para a literatura de natureza no Reino Unido, com vários escritores de não-ficção a encontrar inspiração nas interacções com o mundo natural que os rodeia.

John Lewis-Stempel já escreveu vários livros, incluindo “The Wild Life: A Year of Living on Wild Food”, e escreve crónicas para o jornal “Sunday Express”.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

O vencedor do ano passado foi “The Green Road into the Trees”, de Hugh Thomson.

[divider type=”thin”]Pode ler aqui um excerto do livro “Meadowland”, em inglês.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.