Milhares de sementes serão lançadas do ar em zonas afectadas pelo fogo

Nesta quarta-feira, milhares de sementes de gramíneas e leguminosas serão lançadas de um Dromader M-18 para ajudar a reduzir a erosão dos solos e ajudar a biodiversidade em zonas afectadas pelo fogo em seis municípios.

 

O projecto Semear Portugal Por Via Aérea vai lançar as sementes sobre zonas de difícil acesso dos municípios de Mangualde, Nelas, Gouveia, Oliveira do Hospital, Tondela e Seia. O Dromader M-18 deverá descolar do aeródromo de Viseu amanhã pelas 09h30.

Esta é a primeira fase de um projecto que é iniciativa da Take C’Air Crew Volunteers – organização não-governamental para o desenvolvimento fundada, em 2010, por tripulantes da aviação comercial – e do movimento cívico Replantar Portugal, em parceria com a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza e com a Avitrata, empresa portuguesa operadora de trabalhos aéreos.

As sementes “irão devolver vida a zonas a que dificilmente se conseguiria aceder e, ao mesmo tempo, acelerar o processo de repovoamento, dado que os animais passam a contar com algum alimento”, segundo um comunicado dos organizadores da iniciativa.

Inicialmente este processo ajudará à fixação e nutrição dos solos para a posterior recuperação da floresta autóctone.

 

 

Semear Portugal Por Via Aérea tem duas fases e em ambas serão utilizados aviões, o que irá permitir abranger uma área mais vasta por município.

Na primeira fase serão semeadas gramíneas e leguminosas nas zonas afectadas pelos incêndios. Estas foram designadas pelos municípios em áreas baldias e, em casos excepcionais, em áreas privadas, se previamente autorizado pelos proprietários.

O grande objectivo é “fixar e nutrir os solos, ajudando assim a evitar derrocadas, a contaminação dos cursos de água e a sedimentação dos seus leitos e barragens. Permitirá ainda alimentar animais como as abelhas”.

Na segunda fase, procede-se ao lançamento de sementes de árvores e arbustos de espécies autóctones. Aqui será adoptada a técnica japonesa Masanobu Fukuoka, que consiste no lançamento de bolas de sementes. “Estas bolas protegem as sementes quer da meteorologia, quer dos animais. Esta técnica já foi empregue com sucesso em vários países. Em Portugal, nomeadamente em Braga e em São Pedro do Sul, esta técnica foi também utilizada por particulares em áreas de menor dimensão, mas em ambos os casos com sucesso.”

O objectivo desta segunda fase é o de auxiliar a recuperação das espécies autóctones nas áreas afectadas e prevenir a desertificação.

O projecto tem a colaboração do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que certifica as sementes e ajudará na monitorização e acompanhamento do resultado da intervenção aérea, em conjunto com quatro Universidades e Institutos Politécnicos.

Semear Portugal Por Via Aérea tem o apoio do Ministério da Agricultura, de autarquias e organizações da sociedade civil. Conta com os patrocínios e a colaboração das respectivas Câmaras Municipais e da sociedade civil.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.