Fêmea e crias no CNRLI. Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

Morreram três crias de lince-ibérico no centro de El Acebuche

Três das seis crias de lince-ibérico nascidas esta temporada no centro de Cria de El Acebuche, em Doñana, morreram com poucos dias de vida, segundo o Programa de Reprodução em Cativeiro do Lince-Ibérico.

 

Ao início da tarde de domingo, dia 13 de Março, morreu uma das três crias que Gitanilla pariu na passada quarta-feira, dia 9 de Março, de madrugada, no centro andaluz de El Acebuche.

Segundo os técnicos do Programa, “cerca do meio-dia, a cria começou a distanciar-se da ninhada e a mostrar sinais de dor. Acabou por morrer poucas horas depois e não se pôde fazer nada para a salvar”.

A cria foi levada para o Centro de Análises e Diagnóstico da Fauna Silvestre da Consejería de Meio Ambiente e Ordenación del Territorio da Junta de Andaluzia para determinar a causa da morte.

“Em animais recém-nascidos, ainda que sejam bem cuidados pelas mães, existe sempre um elevado risco de septicemia neonatal”, ou seja, de infecção bacteriana generalizada, acrescenta o Programa.

As outras duas crias de Gitanilla estão bem de saúde e estão a ser cuidadas pela mãe com “total normalidade”.

Dias antes, a 5 de Março, Adelfa começou a manifestar comportamentos agressivos, aparentemente sem razão, em relação às suas crias, nascidas a 24 de Fevereiro, naquele mesmo centro. Os técnicos estranharam esta mudança, uma vez que até aí esta lince tinha “comportamentos maternais extraordinários”. “Duas das crias acabaram por morrer de ferimentos (…) e a pronta intervenção da equipa de vídeo-vigilantes e tratadores do centro conseguiu evitar a morte da terceira cria”, acrescenta o Programa.

Até agora, os técnicos de El Acebuche ainda não conhecem a causa da mudança de comportamentos de Adelfa, uma fêmea que já deu à luz sete ninhadas.

Para este ano, o Programa ibérico de Conservação Ex-Situ definiu 23 casais de linces.

No Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves – inaugurado a 26 de Outubro de 2009 pela chegada do primeiro lince-ibérico, Azahar – , estão formados seis casais. Até ao momento, e segundo a informação disponível, já nasceram sete crias em Silves: três crias de Artemisa (a 3 de Março) e quatro de Fruta (a 6 de Março).

Além de Silves estão formados casais nos centros de Zarza de Granadilla (cinco) – onde Hubara deu à luz quatro crias a 4 de Março – , El Acebuche (cinco), Zoobotânico de Jerez (um) e La Olivilla (seis). São esperadas entre 28 e 40 crias este ano.

No ano passado nasceram 61 crias nos cinco centros, o maior número desde que se começaram a reproduzir linces em cativeiro, em 2005 (em El Acebuche). Desses, 45 estão a ser reintroduzidos na natureza, até Abril.

Nos últimos dias têm sido libertados vários linces, incluindo Medea e Menta (na Extremadura espanhola), a 10 de Março, e Maravillas em Guadalmellato (a 17 de Fevereiro) e Melissandre em Guarrizas (a 16 de Fevereiro). As libertações destes dois últimos linces foram filmadas com a ajuda de um drone. Pode ver aqui e aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.