Museu de História Natural foi buscar baleia que deu à costa em Alcobaça

Uma equipa do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) recolheu nesta segunda-feira uma baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) que arrojou na Praia Água de Madeiros em Alcobaça. O animal será integrado na colecção de Mamíferos do Museu.

 

A baleia, com cerca de sete metros, foi preparada no areal para poder ser transportada para o museu em Lisboa. Os trabalhos duraram das 11h00 às 20h00 e envolveram um geólogo, dois biólogos, um técnico de manutenção e logística e um antropólogo, segundo um comunicado do Museu.

 

 

“Esquartejámos o animal de modo a remover ao máximo a pele, o músculo e as vísceras e seccionámos o corpo em três partes por forma a ser transportado”, contou Judite Alves, que coordenou a equipa de trabalho.

A baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) é a mais pequena e também a mais abundante das baleias. É uma espécie residente em Portugal e tem sido regularmente assinalada ao longo de todo o ano.

De acordo com o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (2005), a baleia-anã está classificada com estatuto Vulnerável. Tudo porque tem uma população inferior a 10.000 indivíduos adultos e porque está a ocorrer um declínio continuado no número destes indivíduos. Na costa portuguesa a baleia-anã está frequentemente envolvida em acidentes com artes de pesca utilizadas próximo da costa. A grande maioria dos animais arrojados ao longo da orla costeira mostra sinais de interações com redes de emalhar ou cabos de covos ou alcatruzes.

O Museu foi avisado deste arrojamento pelo Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Alcobaça. Agora, a baleia-anã vai ajudar a saber mais sobre a espécie e a sensibilizar as pessoas para a importância da biodiversidade.

 

 

“A incorporação deste exemplar (baleia-anã), para além do seu valor científico, ilustra um excelente exemplo da dimensão de algumas espécies animais que poucas pessoas têm a hipótese de conhecer”, explicou, em comunicado, Cristiane Bastos-Silveira, curadora da Coleção de Mamíferos daquele museu. “A montagem e exibição deste esqueleto possibilitarão uma variedade de abordagens educativas a serem apresentadas ao público que visita o nosso Museu.”

Durante os trabalhos de preparação da baleia-anã, a equipa do MUHNAC foi alertada para o facto de ter também dado à costa um golfinho comum. Também este foi transportado para o Museu em Lisboa.

Agora no MUHNAC, os esqueletos dos mamíferos serão preparados pelo taxidermista Pedro Andrade para serem incorporados na Coleção Científica de Mamíferos e, à semelhança de outros exemplares da coleção, poderão vir a fazer parte de exposições.

Actualmente, a coleção de mamíferos marinhos do Museu é composta por 87 exemplares, dos quais 80 exemplares são de cetáceos (sete espécies de baleias e nove de golfinhos) e sete de Pinipedes (focas). Há ainda um exemplar naturalizado de foca-monge (Monachus monachus), uma espécie Em Perigo de extinção a nível mundial e que em Portugal tem uma população no arquipélago da Madeira.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.