ramos e folhas de uma árvore aparecem contra o céu
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Pedro, o segurança que gosta de florestas cheias de animais

Pedro Mónica, 41 anos, é segurança privado em Calvão, no concelho de Vagos (distrito de Aveiro). Há anos que ajuda as florestas com aquilo que pode. Na memória ficam as árvores que plantou para ajudar a reflorestar a Mata do Buçaco depois do temporal de 2013.

 

Foto: D.R.

 

O que o Pedro faz pela floresta?

Pedro está sempre pronto para ajudar e já fez de tudo um pouco. “Fiz controlo de espécies invasoras e ajudei a reflorestar a Mata do Buçaco depois do temporal de 2013”, por exemplo, conta à Wilder. Lembra-se de quão diferente ficou aquela mata, depois da inclemência climatérica. “Em dias normais, quem olhasse para cima não via o céu, com a copa das árvores. Naquele dia, depois do temporal, estava quase tudo caído”. Com o céu à mostra. “Fiquei muito triste.” Pedro ofereceu-se para ajudar e recorda bem as árvores que plantou. Duas sequoias, mas também carvalhos, castanheiros, cedros e azevinhos.

De momento, é sócio de várias associações de Ambiente, incluindo a recém criada Bioliving. “Ainda somos poucos, mas vamos ajudar naquilo que podermos depois destes incêndios.”

 

Foto: D.R.

Por que razão o faz?

A resposta sai veloz e com a entoação própria do que é óbvio. “Faço-o porque gosto. A floresta autóctone tem mais biodiversidade. Gosto das florestas e de tudo o que lá vive, desde os anfíbios aos morcegos e às aves”. Pedro gosta de ir à floresta observar animais e recorda-se bem quando foi à Mata do Buçaco à procura da salamandra-lusitânica. Sem que desse conta, começou a fazer mais do que observar as espécies e arregaçou as mangas para ajudar.

Este amor pela natureza começou tinha ele 16 anos. Desde então já fez de tudo um pouco. Até teve um programa de rádio sobre ambiente na estação regional e há três anos ajudou a fundar uma associação de Ambiente em Vagos, a Charcos e Companhia.

 

 

[divider type=”thick”]Série Wilder Cuidadores de Florestas

Nesta época crítica para as florestas, marcada por incêndios, não vamos falar de área ardida nem tentar explicar as causas desta calamidade. Queremos antes mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Nesta série falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.